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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Saudades da minha infância

Outro dia escutei no rádio As the world falls down, do David Bowie. Imediatamente lembrei de "Labirinto", um filme que me acompanhou durante toda a infância e que tem essa bela música como trilha principal (pra quem não lembra, dê uma olhada nesse clip do You Tube).

O filme é um legítimo conto de fadas, com direito a mocinhas, castelos, seres esquisitos e, claro, uma figura um tanto quanto maligna - o Rei dos Duendes (Bowie, em excelente atuação).

Apesar da aparência, o personagem assusta e cativa ao mesmo tempo. É intrigante, cheio de mistério... mas acaba de certa forma, conquistando a personagem de Jennifer Connely, assim como seus espectadores.

A lembrança de Labirinto me fez voltar aos meus tempos remotos de vídeo-cassete e Sessão da Tarde. É um filme gostoso de ver e de relembrar, que certamente me deixou com muitas saudades da minha infância...
E como é bom ser criança!

Ser criança é ter como maior desafio comer uma tigela inteira de pipoca, ficar acordado até às dez, fazer um novo amigo.

Enquanto somos crianças o mundo parece que gira numa baixa rotação. Temos nossos pais como heróis que nunca nos decepcionam e nossos brinquedos, como soldados de um exército.

Enquanto somos crianças, ser inocente é a nossa melhor qualidade e não o nosso pior defeito...
Não conhecemos a inveja, nem a angústia... não sabemos o que é mágoa, desilusão, nem ofensa.

Não temos contas a pagar e não sabemos o que é ficar endividado. Não corremos o risco de ser assaltados numa rua movimentada, nem de ganhar uma gastrite por causa do trabalho.

Nessa etapa da vida, políticos, assassinos e ladrões não são figuras sinistras. Temos nossos próprios monstros, que nos assustam, mas não nos atingem.

Não precisamos lidar com pessoas mau-humoradas e não conhecemos ninguém que tenha prazer em nos irritar, muito pelo contrário. Somos amigos de todos, tratamos e somos tratados com respeito e igualdade.

Rimos por qualquer besteira e choramos por motivos igualmente bobos...

É uma época de sonhos, de despreocupação. Época de amar e se divertir como se esse tempo nunca fosse acabar, como se o relógio não fosse nos acordar cedo no dia seguinte.

No mundo adulto as coisas são bem diferentes. Somos cobrados por coisas que temos e coisas que não temos responsabilidade sobre... Sofremos decepções, aprendemos coisas à árduas penas.

Mas também temos privilégios. Criamos independência em vários aspectos e nos sentimos realizados com isso.
Conseguimos olhar para trás e ter a satisfação de que construímos algo bom, pra gente e para aqueles que estão ao nosso redor.

Conseguimos em algum momento, receber o olhar de admiração que tanto demos para outras pessoas no passado.

Ser adulto é também conviver com ironias... É perder o medo do escuro e passar a ter medo de coisas que não estão sob nosso poder. É largar a chupeta, mas não conseguir largar o cigarro...

É pedir colo, independente da idade... É admitir que se precisa de ajuda, mesmo quando tentamos parecer tão auto-suficientes.
É entender que - como diz a música - é impossível ser feliz sozinho...

Enfim, ser adulto é contemplar o passado e olhar com um pouco de desconfiança para o futuro.

É aprender a esperar o está guardado pra gente e fazer do agora algo que possamos também lembrar com saudades quando formos ainda mais velhos...

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