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segunda-feira, 31 de maio de 2010

De passagem

O que seria da vida se não fossem as incríveis ironias?

A bailarina já se acostumava com aquela ausência - embora seu coração ainda batesse forte por todas emoções que ficaram pra trás.

É uma saudade estranha... uma falta de tudo o que foi e também do que poderia ter sido... Uma melancolia instalada, uma melodia de notas repetidas como January Rain, do David Gray.

Seria tão mais fácil se ao invés de um coelho pudessémos tirar da cartola um mapa com ricas informações sobre os caminhos que devemos percorrer, não é mesmo?

Pensando bem, não! Que diversão teriam os deuses se fosse dessa maneira? Nós humanos ficaríamos sem graça, sem atrativos pra quem nos olha de cima. Melhor desse jeito... Assim, tolamente podemos nos gabar de sermos "artistas do entretenimento".

Deixar o circo foi uma decisão quase imposta, alheia à sua vontade e profundamente dolorosa.

Mas como nem tudo na vida são espinhos, devemos agradecer a perfeição de nossa Criação: não sangramos para sempre. Nossas feridas se curam... mesmo que demore muito tempo.

Ainda assim, ansiosos que somos, procuramos remédios para adiantar esse processo. Às vezes funciona, às vezes dá efeito colateral (rs)...

As lembranças do circo não tinham se desfeito. Bastava fechar os olhos para rever cenas e cenas de um belo espetáculo que chegou ao seu triste fim.

Ao abrir os olhos novamente, a imagem de um horizonte sem aquela grande lona parecia cravar uma cratera em seu peito.

Talvez fosse melhor mudar de profissão, abandonar a vida de artista, desistir daqueles antigos sonhos que ainda a moviam...

Mas antes que essa estúpida angústia se prolongasse mais, eis que surge o presente divino. Ele entra em ação!

Veja bem, mesmo perplexo com os fatos, quando o destino resolve pregar suas peças agindo como um irreverente palhaço o jeito é aceitar seu "número".

Foi numa manhã que ela avistou da janela. Uma nova lona se ergueu em sua nova cidade. Estamos bem longe da metrópole e o interior tem dessas coisas: é roteiro certo dos circos.

Não conseguiu segurar o sorriso de estar ali, frente à tamanha ironia e por isso, num dia bastante despretensioso, lá foi a bailarina apreciar um novo espetáculo.

Embora os papéis sejam os mesmos, cada personagem tem sua maneira mágica de encantar. E é justamente isso que torna a vida tão especial: temos a capacidade de mudar o foco, apreciar o novo, enxergar o belo, escutar coisas diferentes que ainda assim, agradam aos nossos ouvidos... Talvez basta gritar bem alto para que os deuses escutem nossos pedidos!

Dizem que o futuro a Deus pertence, mas também dizem que nosso destino a gente que faz...

Ainda não sei ao certo em que teoria acreditar e embora as lembranças do passado continuem parecendo indicativos de um bom futuro, o jeito é aceitar o que temos para o momento.

A moral da história é que circos vem e vão. E o que importa mesmo é aproveitar intensamente cada minuto da alegria que ele nos oferece...

Afinal, não estamos todos aqui só de passagem?