Seja bem-vindo!

Toda postagem tem um link de acesso à música a que me refiro, é só clicar. Assim você desfruta do texto acompanhado da trilha... Curta o momento!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Metamorfose

Nunca tive vergonha de expor meus sentimentos - quem acompanha tudo o que escrevo aqui sabe bem disso. Sou sincera, intensa, passional... e constantemente pago caro por isso.

É certo que algumas coisas não mudam jamais. Por outro lado, é curioso como em determinados períodos da vida passamos por grandes mudanças de comportamento, realidade, gostos e opiniões. É quase como uma metamorfose, algo que - se bem feito - te levará a ser uma pessoa melhor.

Faz quase três meses que embarquei numa nova jornada. Emprego novo, cidade diferente, casa nova, pessoas novas... O impacto inicial foi apavorante: "por que tão longe, Meu Deus???"... "será que estou fazendo a coisa certa?"...

Mas dizem que Deus não fecha uma porta sem abrir uma janela e agora posso sinceramente dizer que minha janela tem uma bela vista: um jardim recheado de flores e borboletas, cenários e personagens que me conquistam a cada dia.

Nesse tempo em que estive me adaptando à minha nova realidade aprendi muita coisa.

Entendi que para agarrar um grande desafio profissional vale a pena viajar quase 600 Km - principalmente porque mantê-lo nas mãos é uma luta diária e profundamente enriquecedora.

Mais do que nunca passei a respeitar o destino e suas surpreendentes ironias - como duvidar dele quando a probabilidade de acontecer uma coisa é de uma em catorze e ela acontece?!

Aprendi que estar longe não significa ter que esquecer. Basta uma simples conversa por telefone pra que a gente volte a acreditar que "um dia, quem sabe" o passado possa se tornar presente novamente... Vai saber? O importante é não descartar as possibilidades, não é mesmo?

Aprendi também que é possível estar rodeada de pessoas semi-desconhecidas e se sentir extremamente acolhida e querida.

Apesar disso, descobri também que muitas vezes eu me basto. Posso preparar um almoço caprichado só pra mim, sair sozinha, curtir minha solidão, ir ao cinema sem companhia (coisa que sempre tive o maior preconceito de fazer). Posso me dar ao luxo de separar um dinheiro pra me dar um presente simplesmente porque trabalho bastante todo mês e acho que eu mereço!

Aprendi coisas bobas também, como o prazer de ser dona de casa (nunca pensei que fosse gostar mais de comprar um jogo de copos do que um par de sapatos - rs)...

Mesmo assim, me vejo em constante transformação.

Ainda estou aprendendo a dar tempo ao tempo. A aguardar... A comemorar pequenas conquistas, a enxergar coisas boas quando tudo parece "mais ou menos ruim", e sei que ao final desse período de incubação vou me sentir livre e independente como uma daquelas belas borboletas que colorem meus dias aqui.

Sabe... ontem, durante um delicioso jantar regado a pizza e vinho em plena segunda-feira, cercada de novos e divertidos amigos, ouvi uma curiosa divagação.

Sem qualquer embasamento científico ou místico que fosse, uma pessoa querida comentou que já chegávamos ao meio do ano e por isso, tudo que se fizesse em primeiro de Junho viria em abundância pelos próximos seis meses.

Passei um dia normal, como outro qualquer e enquanto aquele pensamento do meu amigo ainda martelava na minha cabeça, veio a surpresa.

À noite, entre o gélido vento que vinha da janela, belíssimas notas musicais invadiram minha nova casa. Era Tristesse (Estudo nº 3, Opus 10 em Mi Maior) de Chopin, tocada pelo vizinho de baixo.

Foi então que uma incrível paz preencheu meus ouvidos e meu coração... Era isso! Quem precisa de mais?

Se meu amigo estiver realmente certo - e espero que esteja - meu primeiro de Junho foi marcado por uma grande paz de espírito, exatamente o que eu preciso e desejo para passar bem os próximos seis meses que vem por aí.

O resto?

Ah... o resto a gente corre atrás!