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domingo, 27 de março de 2011

Entrelinhas

Dizem que pra bom entendedor, meia palavra basta. E também que uma imagem vale mais do que mil palavras.

Na hora de pôr pra fora aquilo que se pensa e sente, tem gente que prefere a fala. Tem gente que cala e demonstra por gestos, e tem gente que simplesmente não sabe o que fazer...

Há ainda quem se expresse melhor pela escrita, pelos poemas, pela música que traduz o que está no peito.

De qualquer maneira, devemos à Evolução das Espécies a nossa dádiva da expressão: a usamos e a reconhecemos - pelo menos, sempre que nos convêm.

O que me incomoda às vezes é aquilo que não é exatamente dito, ou escrito, ou cantado, aquilo que fica nas entrelinhas, na incerteza do entendimento que é tão subjetivo.

O que não é claro gera dúvidas e conclusões adversas. Provoca confusões e resulta em sentimentos que só nos deixam em conflito com nós mesmos. E o pior: impede que separemos a realidade da nossa própria fantasia.

Quando escrevemos nossa história, muitas coisas também ficam "entre as linhas". Coisas que às vezes vemos claramente. Coisas que quando não enxergamos ou evitamos enxergar, alguém se encarrega de fazê-lo. Coisas que só entendemos em noites de insônia e saudosismo, e outras que eram puramente ilusão...

São naqueles momentos, quando estamos deitados sozinhos no quarto escuro, que algumas dessas coisas se tornam claras.

É aí que você lamenta que aquele cenário perfeito, pra festa perfeita, serviu de palco para outra personagem brilhar. Que aquelas surpresas que vinham todo mês no mesmo dia, agora são entregues em outro endereço.

É quando você se dá conta que aquelas poses que você achava que eram só de vocês, agora estampam outros porta-retratos. Que a viagem à Paris pra comemorar aquela ocasião que ninguém acreditava que um dia iria acontecer, realmente não aconteceu.

É quando, como diz a letra de Need you now, de Lady Antebellum, você liga no meio da madrugada e se surpreende porque descobre que - apesar de tudo - aquela pessoa ainda está ali pra você. Mesmo que agora seja só um porto seguro.

Nessas horas você passa a aceitar que cada um é responsável pelos próprios atos e que não adianta nada querer ouvir de outra pessoa aquilo que ela mesma não sabe explicar.

Enquanto as lágrimas rolam e a realidade estala na cara, você finalmente percebe que aquela imensa saudade dos momentos mais felizes da sua vida ficaram somente nas entrelinhas da SUA história... na de mais ninguém.

No fundo, no fundo, você passa a acreditar que há mesmo um tempo pra tudo...

E que se as lacunas do passado não podem mais ser preenchidas, ainda há tempo de escrever novos parágrafos em que haja tantas palavras que não sobre espaço pra que algo fique nas entrelinhas.