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Toda postagem tem um link de acesso à música a que me refiro, é só clicar. Assim você desfruta do texto acompanhado da trilha... Curta o momento!

sábado, 31 de dezembro de 2011

Adeus Ano Velho

O que torna um dia memorável?

Céu limpo, sol quente, abraço apertado, cheiro de grama recém-cortada...
Sorriso largo, olhares trocados, bolo de fubá quentinho, saído do forno.
Uma bela paisagem, um beijo demorado.
Carinho da família, reconhecimento do chefe, a lembrança do amigo distante.

Dançar Sinatra de rostinho colado, assistir ao show do Roberto Carlos, sentir dor na barriga depois de tanto rir.
O telefone que toca, o e-mail que chega, o encontro inesperado no lugar incomum.
Dormir de conchinha, acordar ao lado de quem se ama... ter a certeza de que se é correspondido.

O dia está quase acabando e o que você me diz?
 
Terá ele ficado na memória, ou será só mais um como os outros 364 que já se foram?

Não, este não... não é só mais um... é o último do ano! Precisa ser diferente!

Por isso, quando o relógio der a décima segunda badalada, como vai ser? Você vai comemorar o que fez ou lamentar o que poderia ter feito?

Eu sei como vai ser o meu momento, mas sei também que muita gente vai "desculpar" os lamentos alegando "falta de tempo"...

O tempo é mesmo implacável e são muitas as vezes que jogamos a culpa nessa coisa que nunca nos perdoa...

Mas se a gente pensar bem, se usar um pouquinho a matemática, é possível sim ter ele a nosso favor. Afinal, um ano tem quase nove mil horas. Mais de 525 mil minutos. É tempo à beça pra correr atrás daquilo que a gente tanto procura!

Até porque, a gente perde um tempo danado nessa vida pensando naquilo que não devia, não é?!
 
É o imposto que está caro, a mensalidade do filho que aumentou...
A prestação atrasada, a conta vencida, a grama verde do vizinho. 
Os pequenos aborrecimentos do dia a dia, a promessa não cumprida, aquela mágoa de quem não estava lá quando você mais precisou...

Não! O tempo é precioso demais pra tudo isso! E se quisermos realmente fazer a diferença, precisamos começar agora... nessas últimas horas de 2011. É preciso fazer o possível pra que elas se tornem dignas do título "memoráveis".

Por isso, aproveite para agradecer o que conquistou e já comece a pôr em prática os planos que nunca saíram do papel. Esse é o momento de sonhar, de renovar a fé, de acreditar no próprio potencial de vencer.
 
Faltam poucos minutos... faça acontecer!
 
Pra que assim, quando no ano que vem, nós nos encontrarmos novamente nessa mesma data, a poucas horas de mais uma virada, você possa me dizer:
 
Este é o último dia, de um ano memorável!
 
Feliz 2012!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Desejo de Natal

São José do Rio Preto, 09 de Dezembro de 2011.

Querido Papai Noel,

Sei que já estou grandinha e que o senhor deve ter bilhões de pedidos para ler e tentar atender, mas peço que, se sobrar um tempinho, dê atenção a essa humilde cartinha eletrônica.

Dezembro finalmente chegou e confesso que, pra mim, esse é o mês mais difícil dos doze que "o tempo" criou. É o momento do ano em que meu coração mais se enche de nostalgia. É quando sinto saudades de tanta coisa que chega a doer...

Parece bobo, mas sinto falta do tempo em que minha maior preocupação era saber qual seria a sobremesa da ceia... De quando a minha única obrigação era me manter acordada pra aguardar ansiosamente a sua visita.

Sinto saudade de acreditar quando meu coração dizia "ele vai aparecer"... e de realmente te ver quando chegava a meia-noite.

Sinto até falta dos Especiais de Natal da Turma do Charlie Brown - que têm aquela trilha do Vince Guaraldi que me emociona até hoje * - e daquele monte de desenhos animados que eram exibidos na TV no dia 25.

E sim, sinto muita saudade do tempo em que eu nem imaginava o significado da palavra frustração...

A verdade é que mais um ano se passou e é aí que percebo que algumas lacunas ainda não foram preenchidas.

Confesso que não sei se fui uma boa menina. Fiz coisas de que não me orgulho, mas também passei longos meses tentando compensar esses defeitos.

Fiz de tudo pra não desejar o mal de ninguém, mesmo daqueles que eu sabia que tentavam me prejudicar - todo mundo erra de vez em quando, não é?

Tentei ser uma boa filha, uma boa amiga, uma boa profissional, uma boa colega de trabalho... Não sei se consegui. Por vezes falei mais do que ouvi. Perdi a paciência com quem não merecia. Me exaltei quando deveria ter me calado.

Mas também revi conceitos. Mudei a visão que tinha de certas pessoas e passei a enxergá-las da maneira como realmente são: sensíveis, divertidas e cheias de insegurança - assim como eu.
Aprendi também que imagem não é nada e por isso abri meus olhos para alguns lobos que se disfarçam em pele de cordeiro.

Errei muitas vezes, mas em diversas ocasiões não tive problemas em pedir desculpas (e pra ser sincera, me magoei muito com quem não fez o mesmo comigo).

Tentei não esperar mais do que as pessoas podiam me oferecer. E errei nisso também...

Menti algumas vezes, quando foi extremamente necessário. Mas nunca menti pra mim mesma e fui extremamente fiel aos meus sentimentos - até quando eu deveria guardá-los em segredo pra me proteger melhor.

Dei o meu melhor pra tentar entender os problemas e as inseguranças de quem eu considerava muito especial... e me decepcionei bastante quando essa mesma pessoa não se mostrou capaz de me retribuir.

Acreditei em tantas coisas que me disseram que desabei quando descobri que o que parecia verdade era apenas ilusão. Acreditei tanto que, por muitas vezes durante esse ano, perdi grande parte da minha fé (me desculpa por isso?)...

Tentei usar meu bom senso, não julgar o outro. Ser justa, respeitosa. Acho que nem sempre consegui.

Sei que eu poderia ter sido um ser humano melhor, mas sei também que aprendi muito com os meus tropeços.

Sendo assim, Papai Noel, se apesar de tudo o senhor ainda achar que sou merecedora de um presente neste Natal, escute o meu pedido: por favor faça com que eu chegue mais perto dos meus sonhos.
Com carinho,

Patricia














* Vídeo original de "A Charlie Brown Christmas" neste link: http://www.youtube.com/watch?v=GPG3zSgm_Qo (vale a pena assistir!)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Teias ao vento

Foi entre uma risada e outra que uma amiga querida me disse essa semana ao telefone: "se alguém tivesse escutado as nossas conversas há uns vinte dias não iria acreditar no que estamos falando agora, né?".

Tive que concordar. Realmente a tempestade tinha passado.

Apenas o vento gelado e aquela garoa fina típica dos dias cinzentos de inverno continuava sobre meus ombros. O peito lamentava as boas lembranças que aos poucos estavam sendo apagadas, mas era enfim a fase da superação.

Existe coisa mais triste do que "deixar de se importar" com algo ou alguém?

Pior é que existe...

Talvez a ilusão daquilo que nunca foi. Talvez a solidão que arrebata os que se arrependem. O eco das palavras que feriram, o sal das lágrimas que caíram durante o adeus.

Talvez o vazio que se instala ao redor dos que não voltam atrás. Aquele gosto bom que seu paladar está esquecendo. O perfume que já se confunde com outros.

Talvez seja mais triste ver os olhos sem brilho dos que amam e não são correspondidos. Ou escutar o choro do violino quando atravessa as notas do piano em Spiegel im Spiegel (do estoniano Arvo Pärt).

A vida é feita de tantos momentos bons e ruins, com tantos pesos e medidas diferentes, que às vezes parece incrível como algumas coisas deixam de ter valor dia após dia, semana após semana, outono após outono...

Sempre escutei que mediante qualquer desafio ou situação nebulosa é preciso manter a fé, continuar a acreditar.

Aqui entre nós, não é uma tarefa fácil. Principalmente quando você acha que já tinha cometido erros o suficiente para que o Universo reconhecesse o seu real limite humano de padecer com coisas mundanas.

É certo que cada um tem seu caos particular. Pode ser uma questão familiar, profissional, financeira, pessoal, estética, amorosa. Cada um tem sua maneira de sofrer e de se reerguer.

Às vezes basta uma aposta correta. Uma pequena recompensa pelo seu esforço. A satisfação com o resultado de um trabalho bem feito. A visão daquela pessoa que te faz sorrir sem que você perceba. Um agradecimento. Um pedido de desculpas. A palavra amiga que conforta ou o silêncio cuidadosamente colocado num instante.

Às vezes basta uma pequena luz no fim do túnel pra que você se sinta como a bailarina que dança sozinha no centro do palco ao foco do holofote...

O problema é que fios de esperança são como teias de aranha. Podem ser o material mais resistente produzido pela sábia Natureza, mas se desfazem ao primeiro vento mais forte.

E nessas horas, pouco não basta. É preciso muito mais do aquilo tudo lá de cima para que você possa realmente acreditar em dias melhores.

Há um ponto em que é preciso que Deus lhe permita sentir a força do acalento de Seus enviados. A luz que se abre pros que são verdadeiramente merecedores. O carinho dos que - como Ele - são criadores.

São Tomé, que de acordo com a Bíblia era um dos doze discípulos de Cristo, carregava um defeito muito comum a nós mortais que não fomos "escolhidos": ele precisava ver para crer!

Sim, a tempestade se foi. E como tudo na vida passa, é chegada a hora de produzir teias que não se desfaçam ao vento. De fincar raízes naquilo que REALMENTE vale a pena.

É o momento de esquecer (mais uma vez) o que passou e sorrir mais, brincar mais, rir até o estômago doer. Cultivar o que o Universo nos oferece de melhor...

Manter a fé tal qual São Tomé.

É hora de parar de sonhar com as possibilidades...
E finalmente, vê-las acontecendo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Autotomia

Não, eu não entendo nada de biologia.

Mas outro dia, um desses amigos virtuais que as redes sociais nos dão de presente, fez uma analogia (e eu adoro analogias) sobre a lagartixa - foi assim que me lembrei desse termo aí de cima.

Disse ele: "Você se decepcionaria profundamente com as lagartixas, se pensasse nelas como jacarés! Mas eu concordo que se fossem pelo menos calangos, já estaríamos satisfeitos...".

Não é que é verdade?

Às vezes criamos tanta expectativa em relação a alguma coisa que quando enxergamos a realidade nos decepcionamos de tal maneira que fica difícil acreditar que um dia tivemos sexto sentido.

E por muitas vezes a decepção é tanta que, como diz a letra de How can you mend a broken heart (nessa lindíssima versão com Al Green e Joss Stone), remendar um coração partido parece tão impossível quanto impedir a chuva de cair ou o sol de brilhar...

Num dos episódios que eu mais amei de "Grey´s Anatomy", a personagem principal diz o seguinte: "Perder um amor é como perder um órgão. É como morrer. A única diferença é que a morte acaba. Isto, pode durar para sempre…".

Minha mãe costuma dizer que pra tudo na vida se dá um jeito. Ela que me desculpe, mas acho que o Al Green e a Meredith Grey têm mais razão.

Não seria mais fácil se pudéssemos simplesmente nos livrar daquilo nos causa dor? Chegar numa loja e falar pro vendedor: "olha o meu coração não aguenta mais outra desilusão, então... será que você pode me trazer um novo?"

E aí voltamos às lagartixas!

Elas bem podem parecer seres insignificantes e até decepcionar muita gente. Mas no fundo são criaturas que admiro por um bom motivo!

Assim como outros poucos animais, elas têm a autotomia: a capacidade de desprender uma parte do corpo que mais tarde conseguirá se regenerar.

No caso delas é só passar por uma situação de risco que o rabinho fica pra trás... e pouco depois, um novinho em folha começa a aparecer.

Que inveja! Quem dera que nós humanos - tão mais evoluídos cientificamente - pudéssemos usar a mesma autotomia pra regenerar nossos corações.

Quem dera tivéssemos pelo menos a capacidade de juntar os pedaços dele depois de cada decepção.

Eu que já passei por muitas, aparentemente, ando perdendo a minha...

sábado, 7 de maio de 2011

Pontos e vírgulas

Não foi o sorriso, porque ele não parece tanto assim com aqueles de propaganda de creme dental.
Não foram os olhos claros, porque eles não são azuis como águas-marinhas, nem verdes como esmeraldas - embora sejam pequeninos e vesguinhos por vezes, o que lhes dá ainda mais charme.

Também não foi o porte atlético - porque uns centímetros à mais na altura casariam melhor com os meus saltos.
Nem foi a atitude, porque sempre senti falta dela...
E muito menos a sensibilidade, porque todo príncipe sabe bem encarnar um sapo-boi de vez em quando.

Talvez tenham sido as covinhas que deixam transparecer aquele jeito de menino que eu adoro.
O cárater forte, a vontade sem limites de ser bem sucedido, a risada gostosa quando falávamos besteira.
Talvez sim, o porte atlético, os olhos azuis, o sorriso de parar o trânsito.
O encantamento que eu sentia pelo seu talento musical... na escrita... para projetos criativos.

Talvez tenha sido a paz que me envolvia toda vez que eu ficava no silêncio da tua companhia.
Ou os elogios que vinham pra minha comida.
Os episódios na estrada, as noites inesquecíveis, as tardes no sofá, as partidas de vídeo-game, os amassos no cinema, o jeito meigo com que você mexia no meu cabelo.

Certamente foram os muitos momentos que ficaram cunhados na parte mais nobre do meu corpo e do meu pensamento.
Os olhares cheios de amor e admiração.
As cenas que não foram fotografadas mas que estão emolduradas na minha cabeça...

Poucas pessoas sabem explicar que motivos nos levam a amar outro alguém. Afinal, cada um tem seu próprio encanto, suas qualidades e defeitos.

Pode ser a possibilidade de ter o mundo com aquela pessoa (nem que seja dentro de um único cômodo), ou as imagens que se projetam quando você pensa como quer estar daqui a alguns anos.
Pode ser uma lista imensa de fatores, ou alguns poucos que se encaixam nos dedos de uma mão.

A verdade é que muitas linhas podem ser escritas para justificar o amor. Mas quando é preciso explicar um adeus, ninguém parece estar literariamente preparado...
Não há palavras, pontos e vírgulas que consigam traduzir aquele vazio que se instala. As dúvidas que surgem, o arrependimento e a culpa que podem ou não existir.
Não há lágrimas suficientes que possam lavar a mágoa que preenche seus dias.

Em Someone like you, a belíssima voz da cantora Adele sugere uma explicação para o infortúnio dos relacionamentos: "às vezes o amor dura, às vezes fere ao invés disso". Quem dera fosse simples assim...

O problema é que enquanto você tenta explicar pra si mesmo os motivos que culminaram naquela situação e insiste em colocar vírgulas onde só cabem pontos finais, a vida passa, outras pessoas passam e tudo aquilo que ficou pra trás vira apenas um desfecho infeliz pra mais uma história que - apesar de você não aceitar - terminou.

E aí você se pergunta: valeu a pena tudo aquilo? A entrega compensou a desilusão?

Então você pondera e lembrando de todos aqueles momentos em que foi plenamente feliz, você consegue sozinho, chegar à resposta: encontrar motivos pra amar alguém e deixar que o outro enxergue isso em você ainda é, apesar de tudo, infinitamente melhor do que não ter nada para oferecer.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Apostas erradas

Há quem diga que pra se alcançar sucesso em algum setor da vida é preciso ter - entre vários fatores - sorte.

Talvez porque eu sempre tive que me esforçar muito para conseguir o que queria - e por vezes até achar, "egoistamente", que meu caminho era mais longo que o de outras pessoas, eu não consigo me lembrar de nenhuma situação em que usei a expressão "Que sorte..." no início de uma frase.

Pelo contrário. Infelizmente, nos momentos em que a vida se apresentou como um jogo, eu fui campeã em fazer apostas erradas!

Isso porque - infelizmente também - nenhum amigo, amor ou parente está livre de nos causar uma desilusão daquelas que dizem que não matam, mas ensinam a (sobre)viver como se tivéssemos um punhal profundamente cravado no peito.

Basta criar um pequenino vínculo afetivo que seja, e entregamos à sorte nossa sentença: a passagem daquela pessoa na sua vida fará de você um vencedor ou um azarão?

É certo que só o tempo pode responder, mas às vezes tenho a impressão de que é justamente aquele amigo com quem você divide mais de um setor da sua vida que vai trair a sua confiança (e você vai descobrir isso da pior maneira possível).

É aquela pessoa que você achava que podia contar sempre, que deixará transparecer que não está tão disponível assim pra você.

E principalmente, são aqueles a quem você mais demora para entregar seus sentimentos que um dia dirão "adeus" sem apresentar um único bom motivo...

É aí então que entra o grande castigo de todos os jogadores: a teimosia. Ninguém pára enquanto não consegue ganhar.

Assim, perdemos dias, meses e até anos confiando o que temos de melhor em infelizes criaturas que parecem ter vindo ao mundo sem o mínimo de sensibilidade. Apostamos todas as nossas fichas e assistimos o crupiê recolher junto à elas os cacos que sobraram do nosso coração.

Aí atribuímos à sorte - ou à falta dela - a culpa por aquela jogada infeliz. Depois passamos dias, meses e anos na esperança de que "ela" possa finalmente aparecer... e decidimos encarar um novo giro da roleta. "Será que dessa vez vai dar certo?".

Em Por Una Cabeza, Carlos Gardel e o brasileiro Alfredo Le Pera* eternizaram a história do homem viciado em mulheres e corridas de cavalos que prefere perder sua fortuna a ser esquecido pela amada - não é à toa que o tango faz tanto sucesso... Quem poderia discordar?

Veja bem, não estou querendo dizer que a sorte ande sempre longe de mim. Não é isso...

Já fui muito feliz em jogadas de menor valor, mas também perdi muito (muito mesmo) em palpites errados, e até hoje, desconheço fato ou personagem que possa me provar que apostar todas as preciosas fichas num único objetivo realmente valha a pena.

Se alguém puder, é só se manifestar.

Por enquanto continuo achando mais fácil aprender os passos do tango do que acreditar que isso seja realmente possível...

* Versão original: http://www.youtube.com/watch?feature=youtube_gdata_player&v=EPzLcU9l8As

domingo, 27 de março de 2011

Entrelinhas

Dizem que pra bom entendedor, meia palavra basta. E também que uma imagem vale mais do que mil palavras.

Na hora de pôr pra fora aquilo que se pensa e sente, tem gente que prefere a fala. Tem gente que cala e demonstra por gestos, e tem gente que simplesmente não sabe o que fazer...

Há ainda quem se expresse melhor pela escrita, pelos poemas, pela música que traduz o que está no peito.

De qualquer maneira, devemos à Evolução das Espécies a nossa dádiva da expressão: a usamos e a reconhecemos - pelo menos, sempre que nos convêm.

O que me incomoda às vezes é aquilo que não é exatamente dito, ou escrito, ou cantado, aquilo que fica nas entrelinhas, na incerteza do entendimento que é tão subjetivo.

O que não é claro gera dúvidas e conclusões adversas. Provoca confusões e resulta em sentimentos que só nos deixam em conflito com nós mesmos. E o pior: impede que separemos a realidade da nossa própria fantasia.

Quando escrevemos nossa história, muitas coisas também ficam "entre as linhas". Coisas que às vezes vemos claramente. Coisas que quando não enxergamos ou evitamos enxergar, alguém se encarrega de fazê-lo. Coisas que só entendemos em noites de insônia e saudosismo, e outras que eram puramente ilusão...

São naqueles momentos, quando estamos deitados sozinhos no quarto escuro, que algumas dessas coisas se tornam claras.

É aí que você lamenta que aquele cenário perfeito, pra festa perfeita, serviu de palco para outra personagem brilhar. Que aquelas surpresas que vinham todo mês no mesmo dia, agora são entregues em outro endereço.

É quando você se dá conta que aquelas poses que você achava que eram só de vocês, agora estampam outros porta-retratos. Que a viagem à Paris pra comemorar aquela ocasião que ninguém acreditava que um dia iria acontecer, realmente não aconteceu.

É quando, como diz a letra de Need you now, de Lady Antebellum, você liga no meio da madrugada e se surpreende porque descobre que - apesar de tudo - aquela pessoa ainda está ali pra você. Mesmo que agora seja só um porto seguro.

Nessas horas você passa a aceitar que cada um é responsável pelos próprios atos e que não adianta nada querer ouvir de outra pessoa aquilo que ela mesma não sabe explicar.

Enquanto as lágrimas rolam e a realidade estala na cara, você finalmente percebe que aquela imensa saudade dos momentos mais felizes da sua vida ficaram somente nas entrelinhas da SUA história... na de mais ninguém.

No fundo, no fundo, você passa a acreditar que há mesmo um tempo pra tudo...

E que se as lacunas do passado não podem mais ser preenchidas, ainda há tempo de escrever novos parágrafos em que haja tantas palavras que não sobre espaço pra que algo fique nas entrelinhas.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Perdas e Ganhos

Uma sábia pessoa escreveu uma vez que a vida sempre nos mostra compensações, basta saber e querer enxergar.

Embora a frase esteja repleta de razão, sei o quanto é difícil esperar por aquele momento pós-tempestade em que os raios de sol voltam a atravessar as nuvens escuras até dissipá-las por completo.

Somos humanos, temos pressa pra tudo. Queremos fazer o que é possível antes que a água potável acabe no planeta. Antes que os desastres naturais reduzam a população mundial pela metade e que os políticos corruptos levem o pouco que conquistamos.

Temos pressa porque não sabemos o dia de amanhã.

Não temos ideia se na semana que vem teremos a oportunidade de dizer o que pensamos pra quem realmente importa. Ou se antes de acabar o mês vai sobrar dinheiro pra comprar aquele par de sapatos que há tempos você vem namorando...

Pode ser que dê tempo de fazer tudo. Pode ser que não.

O importante é notar que realmente nem tudo são flores, mas também não são espinhos.

Nenhuma noite de choro é mais memorável do que uma de risos, de pequenas surpresas, de aconchego junto à pessoas especiais.

Nenhum momento de solidão é mais precioso do que aquele em que você se aninha nos braços da pessoa amada e o mundo parece parar.

Nenhum estresse é relevante depois que você se pega sorrindo sozinha, cheia de satisfação, porque teve o reconhecimento do seu trabalho.

E as horas que você perdeu olhando pro telefone que não tocou não são como os minutos que você passou "tentando" ouvir aquele amigo querido que ligou da balada, no meio da madrugada, só porque estava tocando a música que você adora.

A vida é assim, cheia de perdas e ganhos...

Às vezes o que parece ser um retrocesso, depois se mostra um grande passo à frente. E a distância, que se mostrava tão doída, transforma os reencontros em grandes momentos - mesmo que cada partida seja cheia de choro e que demore várias horas pra tirar aquele aperto do peito...

Às vezes a vida te leva um amigo. Mas Deus o nomeia como seu Anjo da Guarda.

Às vezes perdemos alguém que amamos muito, e tempos depois somos presenteados com pessoas que nos lembram a todo instante o quanto a nossa existência é importante.

Ora a trilha é de festa (Use Somebody, com Kings of Leon), ora de introspecção (Use Somebody, na versão de Laura Jansen). E desistir de uma coisa não implica que isso será pra sempre (nem significa que você não a queira de volta).

Mas se você começar a contar nos dedos, há muito mais motivos pra brindar do que mágoas pra afogar. E se conseguir analisar com um pouquinho de frieza vai entender que até os momentos ruins têm seu lado bom, porque aumentam nosso aprendizado e fazem com que nos tornemos pessoas melhores.

No final das contas, até os dias de tempestade têm seu encanto... Basta saber e querer enxergar...

sábado, 22 de janeiro de 2011

...E viveram felizes para sempre! *

Não, eu ainda não sei se essa história termina assim...

E pra ser sincera, já me desiludi tanto com essa frase que seria capaz de processar o Walt Disney por ter sustando 30 anos de tamanha fantasia no meu ser!

Realmente não sei o final, mas posso dizer que essa história começa como tantas outras..

"Era uma vez uma menina doce, apaixonada pela vida e suas infinitas belezas, que sonhava em dividir  esse amor com outro alguém. Em troca, só pedia uma certeza: a de que esse 'alguém' sentisse o mesmo por ela, acima de todos e de qualquer coisa".

Foi assim comigo. Mas também com muita gente por aí...

Acho que os Contos de Fadas têm culpa por algumas de nossas frustrações. Afinal, quem não quer encontrar o cara bonito, inteligente, bem sucedido, que te deseja e não tem medo de assumir isso pro mundo e - principalmente - pra ele mesmo?

Tenho muitas amigas da minha faixa etária. A maioria solteira e cansada de procurar pelo príncipe encantado.

É de se entender, principalmente se levarmos em consideração que elas já passaram por bons bocados...

Ainda lembro de quando a Branca de Neve pede ao Poço dos Desejos que lhe traga o seu amor. Apesar de clássica, a cena já não me inspira tanto.

Mas confesso que meus olhos enchem de lágrimas ao escutar Flightless Bird, American Mouth, do Iron & Wine, que lindamente embala o amor do vampiro Edward e da mortal Bella no final do Conto de Fadas dos tempos modernos, Crepúsculo.

Infelizmente, a verdade é que na vida real, na qual não existe roteiro pré-estabelecido, as coisas são muito diferentes.

Conheço gente que namorou quase 10 anos e o relacionamento acabou nos primeiros dois meses de convivência sob o mesmo teto. Conheço gente que casou como manda o figurino, com igreja, festa, véu e grinalda... e pediu o divórcio em menos de seis meses.

Gente que casou com quem não amava e até hoje se arrepende da mal fadada escolha. Gente que está no terceiro casamento e finalmente entendeu o significado do verdadeiro amor.

Gente que procura, procura, e sempre acha um motivo pra não dizer: "você é a pessoa que eu quero passar o resto da minha vida!" - mesmo que pra isso seja preciso calar a enorme dor que aquele vazio no peito traz.

Conheço quem chora o amor que deixou ir embora. E gente que teve a paciência de esperar e finalmente está em vias de realizar o sonho a dois.

Provavelmente, ao ler esse texto, muitos de vocês vão me achar tremendamente antiquada, mas a verdade é que eu defendo o casamento. E pra ser ainda mais sincera, sonho com ele pra mim... com todas as dificuldades que eu sei que vão existir, mas toda a vontade do mundo de enfrentá-las.

Talvez a vida seja dura demais com algumas pessoas. Talvez seja injusto culpá-las por terem ficado com o coração empedrado.

Talvez o fato de procurar os príncípes (e princesas) e só encontrar sapos pelo caminho, torne o nível de exigência pequeno ao ponto de nos darmos por felizes quando um "Shrek" aparece...

Mas talvez o Walt Disney não seja um vilão e sim um fio de esperança que mantém a fantasia em nossas buscas.

Apesar de tudo isso, acredito que cada um de nós pode ter o próprio Conto de Fadas, escrito linha a linha por quatro mãos.
E para aqueles que não tem medo de tentar, desejo que seja infinito enquanto dure e que a frase que está lá no título desse texto chegue cada dia mais próxima de vocês...

* À minha querida amiga e irmã Natália, que está de casamento marcado, os meus sinceros desejos de muitas felicidades... até o final de sua nova história!