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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Chuva, brisa e vento

Como seria a vida se tivéssemos ao nosso redor apenas o ar que nos cerca? Se fôssemos envoltos somente por aura, sentimento, chuva, brisa e vento?

Não seria ótimo?

É certo que a aura dos apaixonados - aquela que deixa nosso prisma cor-de-rosa - causa mais efeitos positivos do que qualquer tônico que possa ser inventado... e que a sensação de saciedade de uma vitória parece - felizmente - nunca chegar...

Mas enquanto mortais, tão cheios de conflitos e defeitos, acabamos tecendo nossos próprios casulos incômodos, nos fechando em dúvidas, desconfianças e incertezas que tornam a vida duramente infeliz.

E quando as dúvidas pairam em nossa atmosfera nos tornamos pessoas frágeis, imaturas e erroneamente enganadas sobre nossas verdades... Viramos escravos do nosso amor-próprio, nos inflamamos de raiva, nos amargamos de ciúmes...

Como resultado temos um acúmulo de mágoas que corroem o estômago e fabricam mais lágrimas do que pedidos de desculpas.

Pela recente memória televisiva, é impossível não citar o enigmático Dom Casmurro, personagem de Machado de Assis que, dominado pelo ciúmes e pelas dúvidas que nunca se confirmaram, passou a vida cercado pelas lembranças distantes do tempo em que foi feliz...

Abdicou do amor e da longa caminhada que percorreu até ele em prol daquilo que acreditava ser mais valioso - o que era mesmo???

Capitu, que na obra de Luiz Fernando Carvalho ganhou como trilha a belíssima Elephant Gun, do grupo Beirut, passou a viver reclusa: sem amor e muito provavelmente, sem culpa pelo fim que Casmurro lhe destinou...

Há um ditado que diz que o ciumento passa a vida a procurar um segredo que irá destruir a sua felicidade. Outro, avisa: "o ciúme é o germe do ódio no amor; mata-o às vezes, fere-o sempre".

Pra mim o amor - de tão sagrado - vale todos os esforços, todas as adaptações, todas as mudanças de comportamento e sacrifícios que me permitem senti-lo.

Por ser tão raro e difícil de encontrar, deve ser tratado com o máximo de prioridade e jamais ser desperdiçado... Deve ser visto com a mesma grandeza que transforma nosso ser.

É por isso que, se eu pudesse, perguntaria: valeu a pena, Dom Casmurro?

Seus motivos eram fortes o suficiente para que você jogasse pro alto aquilo que tanto buscava? Suas dúvidas cruéis lhe confortaram o bastante para suprir a falta que o amor lhe fez, para preencher a lacuna que a pessoa que te amava lhe deixou?

Machado de Assis escreveu sua história e assim como ele, também escrevemos a nossa...

E se o mesmo destino que causa encontros casuais, paixões surpreendentes e doces confusões em mensagens telefônicas ajudasse a reescrever meus últimos parágrafos, traria o que realmente quero pro meu casulo: chuva, brisa, vento... e aquela paz de espírito que só o amor me dá...

PS: Ainda que tarde, um Feliz 2009 a todos!