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Toda postagem tem um link de acesso à música a que me refiro, é só clicar. Assim você desfruta do texto acompanhado da trilha... Curta o momento!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Efeito Colateral

Não adianta fugir! O destino vive a aprontar...

Não importa quantos planos fazemos, quantas metas traçamos... é ele quem dita as regras! E por mais que tentemos nos fazer "de amigos", ele não cede às pressões, nem às chantagens emocionais... Simplesmente continua com planos mirabolantes para atingir seu principal objetivo: nos surpreender!...

E como é bom nessa arte!

Pra mim o destino sempre se personifica como um garoto travesso.

Fico imaginando-o como uma variação do Puck, personagem mítico de Shakespeare em "Sonho de uma Noite de Verão", que - atrapalhado que é - arma a maior confusão na floresta, fazendo casais se apaixonarem pelos pares errados (e que na trilha do filme, ganhou o lacrimante Intermezzo da ópera "Cavalleria Rusticana", de Pietro Mascagni)...

Mocinho cheio de graça, se diverte do começo ao fim da história assistindo, de camarote, os encontros e desencontros dos pobres mortais...

A verdade é que aqui no mundo real as surpresas - boas ou más - também estão sempre a surgir no nosso caminho, e é justamente a habilidade de contornar esses inesperados elementos que nos faz crescer e adquirir a tão sonhada maturidade.

Mas apesar de acreditar em tudo isso, enquanto levo minha vida (que não é assim tão mágica quanto a fábula de Shakespeare), ainda me surpreendo com algumas dessas traquinagens do destino...
Principalmente quando a travessura não é recheada só de doces surpresas, e vem também, com efeito colateral...

É mais ou menos assim: a maioria das pessoas tem uma tendência exagerada de achar que tudo na vida tem uma razão de ser. Com isso, perdemos um tempo danado tentando achar explicações desnecessárias.

Quando a coisa caminha pra um final infeliz, nos lamentamos bastante e no meio dos questionamentos, um dia nos conformamos: "vai ver não era mesmo pra ser", "talvez aquela não fosse a melhor escolha"...

E é aí que ele entra mais uma vez em ação!

Fazendo da ironia a sua melhor qualidade, o destino nos prega uma nova peça e, ao invés de aceitarmos aquele "veredicto final" que nos foi imposto, simplesmente temos a reação contrária.

Sem maiores explicações, somos atingidos por uma súbita vontade de rever o processo afim de achar uma nova alternativa para o enfadonho desfecho.

Haverá quem pense que esse estranho "efeito" tem a ver com possíveis egos feridos, mas assim como nas fábulas que tanto encantam, prefiro acreditar que às vezes o menininho de orelhas pontudas e sorriso maroto também brinca a nosso favor...

É dele o vento que sopra e faz com que aquela chama - até então - fadada a se extinguir, se torne uma pequena labareda que, aos poucos, estará aquecendo nosso coração...

Dizem que a gente só dá valor pra uma coisa quando a perde... Que bom que nem sempre isso é necessário!

Graças a esses caprichos ardilosos do destino, a simples idéia de encerrar um ciclo que mal começou já é suficiente pra nos fazer perceber o quanto aquilo é importante pra gente, o quanto vale tentar traçar um novo caminho para chegar à meta.

Se às vezes é preciso abandonar as roupas velhas que já têm a forma do nosso corpo, por vezes também é preciso manter peças que podemos abraçar com força a todo momento, para lembrar o quanto aquele perfume impregnado na trama é querido (e faz falta)...

Traçar caminhos pode ser muito importante, mas aprender que não temos o poder de controlar nossos passos porque nem sempre são eles que nos levam a algum lugar, pode ser ainda mais valioso...

Afinal, quantas vezes acertamos ao seguir o que manda o coração?

Penso que na verdade, o destino está aí para nos divertir...

Afinal, a vida seria mesmo muito sem graça se não tivéssemos chuva nas noites de verão, sol de primavera no inverno e sentimentos que surgem do nada, pra nos fazer perder o eixo...

Quer saber, destino? Até que suas travessuras são simpáticas... mesmo quando têm efeito colateral! E se ainda me surpreendo com elas, é porque tenho muito a aprender...

É, garoto! Pode ficar rindo por aí! Divirta-se brincando com o meu futuro...

Um dia ainda te pego!

E aí, tenha certeza: quem ri por último, ri melhor!

sábado, 13 de setembro de 2008

Antes da primavera chegar

Existe um tempinho que antecede grandes mudanças que tem como característica, além da expectativa, a ociosidade.

Acontece com as flores, antes da primavera chegar, e também com as lagartas, enquanto aguardam para virar borboletas.

Mas sobretudo acontece conosco, pessoas comuns que talvez nem terão uma tão colorida metamorfose, mas que ainda assim, anseiam por mudanças.

Há algum tempo tentei postar um texto intitulado "mudar é preciso"...
Primeiro não consegui achar uma trilha adequada... depois parei porque simplesmente não saía...

Acho que, principalmente, por eu não ter certeza se a máxima era mesmo verdadeira: mudar é preciso?
E se for, devemos mudar o quê? A partir de onde?

É certo que o novo quase sempre apavora... temos medo de nos arrepender das escolhas ao deixar de lado tudo o que era cômodo e aparentemente agradável.

Mas por que isso acontece? Não somos mutáveis, não sabemos nos adaptar às mais diferentes influências do meio?!

Bom... deveríamos...

O problema é que às vezes ficamos tão mergulhados no ócio da espera, achando que o que queremos pode cair do céu, que esquecemos o principal... o que muita gente diz, mas poucos aplicam: as mudanças realmente têm que vir de dentro...

Como diz a letra de Todo Cambia, de Mercedez Sosa, tudo muda... mudamos nossos gostos, as maneiras de pensar, mudamos até os nossos rumos...

Agora posso dizer: mudar é preciso sim!

Enquanto a primavera não chega, temos que olhar para o lado e ver as coisas de outra forma, freqüentar novos lugares, experimentar novos sabores...

Incluir uma atividade diferente na rotina, gastar dinheiro com aquela coisa que há tempos estamos namorando (como tenho amado meu notebook!)...

É preciso fazer coisas simples como deixar de lado o rock dos anos 80 e ouvir mais Alceu Valença e Ben Harper... mudar a cor do batom, comprar um tênis novo - vai que ele te leva pra um caminho diferente?

É preciso encarar as possibilidades de se ter o novo, como algo que não está tão distante, que não é impossível de alcançar e que pode - sim - ser benéfico...
É preciso lembrar o quanto é bom aceitar um desafio, o quanto nos faz crescer.

Concordo com a Mercedez... só não devemos mudar nossa essência, nem as nossas origens... aquilo que fez e nos faz ser o que somos... o que não sabemos fazer diferente: nossa maneira de amar, por exemplo - olha que já tentei e felizmente, não me arrependo de não ter conseguido...

Ironicamente, foi numa dessas olhadas pro lado que encontrei os dizeres mais adequados do mundo pra esse momento (incrível como alguns homens sabem realmente escolher as palavras)...

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas... Que já têm a forma do nosso corpo...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares...
É o tempo da travessia... E se não ousarmos fazê-la...
Teremos ficado... para sempre... À margem de nós mesmos..."
Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Um pouco de dança...

Foram quase nove dias num cenário que eu não via há seis anos.
Bem que dizem, o bom filho à casa torna...

Depois de uma corrida manhã de sexta-feira - meu cinegrafista e companheiro de viagem havia antecipado o horário da nossa partida e esqueceu de me avisar - chegar a Joinville no início da tarde foi pura sessão nostalgia...

Como é bom voltar a um lugar que só deixou boas recordações! Rever paisagens, lembrar de situações engraçadas, reencontrar antigos amigos...

Enquanto enumerava com gosto tudo o que eu tinha vivido por ali, lembrei de um detalhe importante, aquilo que Joinville tem de melhor, além do Festival: as pessoas!

Em poucos dias já sabíamos o nome de todo mundo e, por incrível que pareça, até alguns taxistas sabiam os nossos.
Lá estava a cidade, mais uma vez me acolhendo bem. Aliás, da melhor maneira possível.

Como não podia ser diferente, conhecemos pessoas que foram essenciais na nossa tarefa (e que espero manter no círculo de amizades durante um longo tempo).

E também como não podia ser diferente, durante esses dias no sul do país, mergulhei fundo num velho e conhecido vício... uma coisa louca e encantadora chamada dança.

Estar de volta ao Festival que é considerado o maior do mundo em número de participantes - segundo o Guinness Book - foi um misto de sensações.

Embora a correria fosse grande e a responsabilidade de fazer um bom trabalho, maior ainda, também tive momentos de pausa para me tornar espectadora.

Enquanto os olhos lacrimejavam e peito apertava vendo as performances no palco, não pude deixar de pensar: o presente que tive agora, só foi possível graças a um saudoso e realizado passado.

Nessa hora percebi uma coisa importante. Dançar para uma platéia de 4300 pessoas é sensacional - assim como os grupos que mostramos pela telinha da TV, eu também já tive esse privilégio. Mas importante mesmo é dançar, seja da maneira que for.

É bom e extremamente necessário! É uma maneira de fazer com que sua alma chegue mais perto do céu, onde os deuses habitam.

E não é preciso ser um grande pé-de-valsa. Apenas uma música bem orquestrada e deliciosamente interpretada como ve got you under my skin, com Frank Sinatra, já faz milagre...

Não importa como... dance sozinho, acompanhado... para uma platéia gigante, ou apenas pra você, na frente do espelho. Feche os olhos e deixe o ritmo te levar. Como diz o ditado, dance como se ninguém estivesse olhando...

Acredite! Coisas incríveis acontecem quando você se entrega de corpo e alma à dança!

Ao final de oito dias, Joinville novamente entra para a minha memória como uma das viagens mais adoráveis que podem acontecer pra uma pessoa.
Uma viagem que me fez entender como às vezes é bom olhar para certas coisas sob um prisma diferente...

Com as sapatilhas devidamente aposentadas, posso dizer que meu antigo vício agora é apenas um hábito saudável que manterei - provavelmente - até o fim dos meus dias...

Saudosismos à parte, acho que todo mundo deveria tentar ao menos vez...
Posso garantir: um pouco de dança e a vida se torna muito mais feliz!

Afinal, o que é a felicidade senão um momento único e inesquecível que nos realiza por completo?

terça-feira, 1 de julho de 2008

O Ponto Final

É ele que pontua o final de cada sentença.

Nem sempre é o que desejamos pra nós, nem para aquele momento, mas inevitavelmente ele deve estar lá... Afinal, não podemos deixar a sentença ao acaso, acabando no vazio... Não é?!

Mas a pergunta principal aqui é: quando, exatamente, é o momento de desistir? Dar por encerrada uma situação? Admitir que chegou o fim?

Sabemos pontuar esse momento? Entendemos quando ele chega? Concordamos com ele?

Por que é tão difícil encarar determinados acontecimentos e entender que a nossa vontade pode ser muito diferente dos fatos?

Precisamos ouvir "Acabou! Boa sorte..." (como diz a letra da música de Ben Harper e Vanessa da Mata) ???

Pra mim o ponto final sempre foi algo que demora a acontecer... Nunca fui boa em aceitar aquilo que contraria a minha vontade. Sou teimosa e insistente quando acho que determinada coisa vale a pena... mesmo se depois descobrir que estava errada.

O problema é entender que nem sempre temos controle da situação e infelizmente, às vezes o ponto final já foi colocado ali por terceiros...

Mais estranho ainda é descobrir que muitas vezes colocamos um ponto final aonde a vida só havia deixado uma vírgula, e assim, somos surpreendidos com inesperados reencontros.

Minha mãe diz que relacionamentos são bons para colecionarmos experiências...

Sempre achei que ao longo dos anos e da minha pouca vivência, eu tinha aprendido algumas coisas... Por exemplo, a concordar com a forma de pensar dos antigos gregos e romanos: não há amor sem admiração. Preciso encontrar pelo menos uma coisa na outra pessoa que me encante total e diariamente (e antes que alguém pergunte, isso não é tão difícil assim)...

Porém, depois de passar por poucas e boas, acabei aprendendo três coisas - fundamentais - somente há menos tempo...

Aprendi que - em se tratando de sentimentos, não podemos fazer valer a nossa vontade, é inútil!
Gostar de uma pessoa nada tem a ver com egoísmos infantis e orgulhos desnecessários, mas sim com aquilo que simplesmente nos faz feliz.

Descobri que realmente gostamos de alguém quando aceitamos, numa boa, todos os defeitos daquela pessoa, mesmo aqueles que seriam detestáveis em qualquer outra...

E principalmente, aprendi que gostar é querer ver aquela pessoa feliz, com sorriso estampado no rosto, os olhos cheios de amor e o peito inflado de alegria...

Mesmo que não seja do nosso lado...

O que eu não aprendi ainda, é a usar bem o ponto final...

Um dia eu chego lá.

sábado, 28 de junho de 2008

Só pra constar II

Em homenagem ao meu queridíssimo amigo Conrado, uma postagem mais ou menos aos moldes do blog dele.

Sexta-feira pré-plantão.

Ao Acordar: O telefonema da fono cancelando a sessão. Que bom, pude dormir mais!

No Almoço: Um pãozinho de frango e um croissant que a moça vendeu como sendo de catupiry mas que, na verdade, não tinha recheio nenhum. Pelo menos estava gostoso e ao chegar à redação ainda escutei: "nossa, você está tão magrinha..." (ufa - passou a culpa!).

No Jantar: Um quindim que sobrou do "arraiá dos aniversariantes", gentilmente cedido por um editor de imagem (pelo menos não segui a dieta rica em Doritos do resto da semana).

Na Virada da Noite: meu travesseiro - que foi difícil de digerir (nada de pegar no sono)!

Um Som do Dia: A voz do cinegrafista, que pelo quinto dia consecutivo, pegou uma viatura que está com o rádio quebrado.

Manhã de Sábado, antes das 07h00.

Ao Acordar: One, do U2 com a Mary J. Blige, que é linda e traz saudosas lembranças. A caminho do trabalho: Toddynho e um pão de queijo.

Na cabeça, enquanto vislumbro a bela praia cheia de neblina, só um pensamento: um dia vou correr não porque estou atrasada, mas simplesmente porque a estrada à frente está livre e eu não tenho horário pra chegar a lugar algum!

Depois de uma semana cheia de acontecimentos surreais, percebi que algo tem que mudar...

Ainda - e como sempre - incerta se as minhas vontades me levarão mesmo à conquistas felizes, lembrei de uma frase que li num artigo de revista, atribuída ao personagem Astronauta Roger.

Quer saber, vou seguir o conselho dele: "vou atrás da vida que o destino me deve"!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Divirtam-se, aproveitem e amem...

Existem mil maneiras de se conquistar alguém...

Você pode ser gentil, educado, carinhoso... Pode ser divertido, bem-humorado, companheiro e amigo nas piores e melhores horas...

Pode também conquistar uma pessoa com pequenos gestos do dia-a-dia, ou com grandes feitos, cheios de preparos mirabolantes...

Por outro lado, você é capaz de conquistar alguém tendo apenas o sorriso ou o olhar mais inebriante do mundo, daqueles que tiram o ar de quem os vê...

Você pode conquistar alguém por saber dizer as coisas certas nas horas certas, ou somente por entender a necessidade de ficar em silêncio de vez em quando...

Você pode ser tudo isso e muito mais...
Ou não ser nada disso... ser apenas você mesmo e ainda assim, despertar a atenção de alguém que percebe como esse seu "eu" é especial...

Conquistar alguém é como criar uma pequena fagulha: ela pode se transformar numa grande fogueira, ou apenas apagar com o vento...

É como diz um texto da jornalista e consultora em relacionamentos, Rosana Braga: "todos querem o calor das fogueiras, mas raros são os que se dispõem a cortar a lenha...".

Trocando em miúdos, de nada adianta conquistar alguém, se não soubermos como manter a chama desse sentimento acesa... e isso - garanto - é mais difícil do que criar uma fagulha como os homens das cavernas.

Neste dia em que o amor é ainda mais valorizado do que em qualquer outra data do ano, pensei muito para escolher uma trilha que fosse romântica, que sugerisse borboletas no estômago, que expressasse o amor que sentimos e buscamos no outro...

Refletindo mais a respeito, pensei no seguinte: o que é o Dia dos Namorados senão uma data comercial que faz muita gente ter como obrigação comprar um presente ou um belo cartão?
Por que muita gente lembra de ser ser gentil, educado e carinhoso somente nessa data? Não deveríamos fazer isso o ano inteiro?

Assim, decidi mudar um pouco o conceito: que este dia seja inteiramente dedicado ao amor. E que a minha trilha de hoje (God only knows, dos Beach Boys) possa ser ouvida por todos aqueles que - assim como eu - idolatram esse sentimento.

Que possa ser apreciada por aqueles que estão sozinhos ou acompanhados. Pelos que tem um amado próximo ou distante... pelos que ainda buscam a sua cara-metade...

Enfim, por todos aqueles que desejam celebrar o amor, seja pelo namorado, namorada, marido, esposa, pai, mãe, irmão, amigo querido...

Que os dizeres da letra não sejam aquilo que idealizamos e esperamos ouvir de alguém, mas sim o que sentimos sinceramente no coração e que podemos dizer a uma pessoa tão especial quanto nós: "só Deus sabe o que seria de mim sem você"...

Divirtam-se, aproveitem e amem...

Um Feliz Dia dos Namorados a todos!

domingo, 8 de junho de 2008

Pérolas

No meu micro tenho uma lista de músicas clássicas internacionais, a seleção que chamo de "Pérolas". Como há tempos não escrevo, achei que escutar canções antigas e melodramáticas pudessem me dar um bom texto.

Mas a verdade é que, ao invés de produzir algo como o título da minha seleção musical, percebi que estou me sentindo como uma ostra vazia. Nada novo me vem à cabeça, nenhuma situação, nenhum sentimento...

Acaba de tocar All out of love, do Air Supply, e se eu não fosse contra a mania de americanizar o nosso vocabulário, teria um bom título para esta postagem: "All out of inspiration"...

Pra mim não ter inspiração para escrever é como assistir mais da metade de um filme e não se interessar pelo resto, desligar a TV antes dele chegar no final... é como comer sem ter fome, só porque está na hora do almoço... é um estado chato e sem graça de ser humano!

Será realmente preciso ter novas emoções, para nos tornarmos mais criativos, mais cheios de conteúdo?

Pensando nisso, lembrei que outro dia assisti à uma palestra motivacional do Professor Luiz Marins promovida pelo meu trabalho.

Entre os vários temas que ele apresentou, um realmente me impressionou (talvez por eu ter me identificado totalmente - rs)...

Dizia que, segundo estudos, passamos 70% do nosso tempo pensando no passado, no que já aconteceu... sentindo nostalgia e melancolia...

Outros 25% do nosso tempo são dedicados ao futuro, aos nossos devaneios sobre o que ainda vai ou pode acontecer, aquilo que chamamos de sonhar acordado...

Isso quer dizer que dedicamos apenas 5% do nosso tempo pensando no presente, naquilo que está acontecendo nesse exato momento...

Como pode???

Será que temos tantos motivos para nos arrepender do que fizemos ou deixamos de fazer no passado? Por que temos a mania de "medir" sentimentos, comparando o que sentimos agora com o que sentimos outrora: "e se o que está por vir for ainda mais intenso do que o que temos em nossas mãos? Não é melhor ficar livre para agarrar o que vem adiante?"...

"E se as minhas ações futuras comprometerem os sentimentos de quem está ao meu lado? Não é melhor evitar o sofrimento dessa pessoa???"...

Meu Deus!!! Por que pensamos tanto nesse tipo de dilema??? Por que simplesmente não conseguimos viver um dia de cada vez, o Hic et nunc, o aqui e agora?

Nos preocupamos tanto em evitar riscos que acabamos vivendo sem emoção, sem desencadear sentimentos que nem sempre são ruins de se ter... E viver sem riscos é tão entediante quanto ficar sem inspiração...

Voltando a um texto anterior, não acredito que tenhamos que sangrar só para saber que estamos vivos. Mas sabendo que podemos nos cortar, podemos - sim - continuar uma ação apenas tomando o cuidado de não se ferir.

Ostras vazias nunca tiveram que se defender de um fator desconhecido, de algo que lhes causaria medo, desconforto, e até dor... Por outro lado, também nunca presentearam o mundo com pérolas...

Prefiro me arriscar... talvez eu não encontre uma jóia rara no caminho, mas por hora, achar algo que me dê inspiração já é suficiente...

Como disse o professor Marins: "um minuto atrás, não me pertence mais... um minuto à frente, ainda não me pertence, a única coisa que me pertence, é o momento presente". Pense nisso! ;-)

domingo, 18 de maio de 2008

É preciso sangrar?

É incrível como de vez em quando nos deparamos com situações que acreditamos ser passageiras, mas que acabam durando bem mais que o esperado...

Oras, pra mim o que não tem solução é a morte! Para todo o resto, há alternativas que dependem da boa vontade e da inteligência de cada um...

Mas embora (na maioria das vezes) tenhamos a capacidade de nos recuperar de vivências ruins, a pergunta aqui é: por que precisamos passar por certas coisas?

Temos fases de alegria e tristeza, de choro e de riso, o tempo inteiro...

Tem gente que acha que isso dá graça à vida, que se fosse diferente, viveríamos numa melancolia sem fim... Será?!

Será que é preciso errar para aprender com os erros? Será que como diz a música Iris, do Goo Goo Dolls, é preciso sangrar para saber que estamos vivos?
É preciso cortar a pele para sabermos que existe dor? É preciso sentir o coração em pedaços para saber que ele consegue - sim - se regenerar?

É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado - assim como pregam os versos de Guimarães Rosa?

Por que as coisas não podem ser mais simples? Será que merecemos mesmo determinados infortúnios?

Por que não investimos o nosso dinheiro na opção que vai ser lucrativa? Por que não saímos de casa com guarda-chuva quando nosso sexto sentido diz que o tempo vai virar? Por que não nos apaixonamos pelo mesmo alguém que um dia vai nos levar ao altar?

Por que insistimos em achar que "ter experiências boas e ruins" enobrece e nos torna pessoas melhores e mais maduras?

Será que é preciso ter o dom da clarividência para saber o que vai dar certo e o que não vai?

Somos humanos, não temos super-poderes... no máximo temos a vontade de fazer com que as coisas que almejamos dêem certo... que as nossas ousadias no trabalho sejam bem sucedidas... que as pessoas que queremos possam nos fazer plenamente felizes...

Antigamente quando eu ficava num dilema, tinha a mania de fazer o seguinte pedido às forças celestiais "se tal coisa for boa pra mim, que aconteça".

Cansei de agir assim... Hoje em dia, peço diferente: "que tal coisa SEJA boa pra mim"...

Aliás, hoje em dia nem peço tanto, procuro correr atrás daquilo que quero, com toda a força que consigo dispor naquele momento.

Quero tanto acertar que me importo (muito) de errar. Às vezes, demoro a perceber meu erro e até insisto nele... Digo pra mim mesma que uma coisa"só acaba a hora que eu disser que acabou"...

Pode parecer estúpido, mas é o que mantém a minha consciência limpa de saber que esgotei todas as possibilidades que pareciam possíveis...

Analisando agora, cheguei à conclusão de que isso é um defeito. Talvez se pensasse diferente, eu não me decepcionaria tanto ao esperar atitudes fortes e corajosas de certas pessoas que não as têm...

Tem um ditado que diz que a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional... Besteira...
Dor e sofrimento são a mesma coisa e deveriam ser igualmente evitáveis!

Mas... temos esse poder? Somos capazes de evitar o sofrimento?

Aonde será que esse dom está escondido? No fundo da alma, em algum lugar quase não explorado pelo cérebro, entre as milhares de digitais de uma mão, numa pequena artéria do coração?

Mahatma Gandhi (como sempre) tem uma boa alternativa pra essas indagações.
Em uma de suas citações, ele diz que se pudesse, quando tudo mais faltasse, deixaria um segredo: "o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída"...

É preciso dizer mais?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Mil

E foi numa noite comum que ao entrar no meu blog percebi esse número: 1000. Foram mil acessos...

Parece brincadeira, mas não entrei no 999, nem ao acaso no 1001. Acessei o blog exatamente quando o contador marcava esse redondo milhar.

Perceber esse algarismo me fez pensar quantas vezes realmente nos damos conta e reparamos nos números que aparecem ao nosso redor...

Quantos mil será que já consquistei na vida?
Mil amores, mil amigos, mil vitórias?

Não, esses números não são possíveis na minha idade, nem tampouco desejáveis... Aos 28 anos, prefiro somar outros milhares.

Tenho poucos amigos que valem por mil. E hoje sei que um amor verdadeiro é único, mas como um prisma que se abre em mil feixes de contentamento e felicidade.

Por outro lado, será que já colecionei mil sonhos? Mil suspiros? Mil sorrisos?
Quantos mil olhares já dei e quantos recebi de volta?

Derramei mil lágrimas? Tive mil acessos de riso?
Quanto falta para chegar aos mil abraços? E aos mil beijos?
Fui gentil quase mil vezes? Fui feliz por mil horas seguidas? Pensei com carinho em mil situações vividas? Superei mil decepções?

Assisti a mil filmes? Ouvi mil belas canções?
Reparei em mil nuvens? Olhei para o Sol e para a Lua mil vezes? Contei mil estrelas?

Já amassei mil bolinhas de papel? Já joguei fora mil coisas que não me serviam mais?
Mudei quase mil conceitos? Quanto falta para acumular mil valores? Será que um dia terei metade de mil qualidades?

Quanto demora para se chegar a um número mil? Será muito, ou será que mil é pouco pra quem um dia deseja ter milhões?

Pensando em tudo isso lembrei de uma música que ouvi pela primeira vez assistindo a um espetáculo de dança de Ivaldo Bertazzo. Chama-se Milágrimas, de Itamar Assupção, com letra de Alice Ruiz - nessa versão, interpretada por Zélia Duncan e Anelis Assumpção.

É uma música curtinha, mas que tem nos versos tamanho consolo que poderia até virar mantra. E o refrão refere-se também a esse número em questão: "a cada mil lágrimas, sai um milagre"...

Será mesmo verdade? Será que a cada mil coisas vividas apareça uma tão boa que ofusque todas as outras nem tão boas ou ruins?

Outro dia um amigo deixou a seguinte frase no MSN: "o mundo parece ter mais graça ao tentarmos fazer o quase impossível"...
Li aquilo com reflexão... Talvez seja verdade, talvez não seja preciso derramar mil lágrimas para conseguir um milagre...

Talvez possamos tomar mil atitudes que valham por essa mágica intervenção divina. Talvez, ao tentarmos fazer o impossível, possamos realmente chegar a algo que só sonhávamos em ter.

Enquanto sozinha na calada da noite, sinto orgulho dos mil visitantes do meu blog, fico a esperar... não um milagre, mais outras mil coisas que me encham de alegria e que possam somar-se aos tantos números que ainda hei de colecionar...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Saudades da minha infância

Outro dia escutei no rádio As the world falls down, do David Bowie. Imediatamente lembrei de "Labirinto", um filme que me acompanhou durante toda a infância e que tem essa bela música como trilha principal (pra quem não lembra, dê uma olhada nesse clip do You Tube).

O filme é um legítimo conto de fadas, com direito a mocinhas, castelos, seres esquisitos e, claro, uma figura um tanto quanto maligna - o Rei dos Duendes (Bowie, em excelente atuação).

Apesar da aparência, o personagem assusta e cativa ao mesmo tempo. É intrigante, cheio de mistério... mas acaba de certa forma, conquistando a personagem de Jennifer Connely, assim como seus espectadores.

A lembrança de Labirinto me fez voltar aos meus tempos remotos de vídeo-cassete e Sessão da Tarde. É um filme gostoso de ver e de relembrar, que certamente me deixou com muitas saudades da minha infância...
E como é bom ser criança!

Ser criança é ter como maior desafio comer uma tigela inteira de pipoca, ficar acordado até às dez, fazer um novo amigo.

Enquanto somos crianças o mundo parece que gira numa baixa rotação. Temos nossos pais como heróis que nunca nos decepcionam e nossos brinquedos, como soldados de um exército.

Enquanto somos crianças, ser inocente é a nossa melhor qualidade e não o nosso pior defeito...
Não conhecemos a inveja, nem a angústia... não sabemos o que é mágoa, desilusão, nem ofensa.

Não temos contas a pagar e não sabemos o que é ficar endividado. Não corremos o risco de ser assaltados numa rua movimentada, nem de ganhar uma gastrite por causa do trabalho.

Nessa etapa da vida, políticos, assassinos e ladrões não são figuras sinistras. Temos nossos próprios monstros, que nos assustam, mas não nos atingem.

Não precisamos lidar com pessoas mau-humoradas e não conhecemos ninguém que tenha prazer em nos irritar, muito pelo contrário. Somos amigos de todos, tratamos e somos tratados com respeito e igualdade.

Rimos por qualquer besteira e choramos por motivos igualmente bobos...

É uma época de sonhos, de despreocupação. Época de amar e se divertir como se esse tempo nunca fosse acabar, como se o relógio não fosse nos acordar cedo no dia seguinte.

No mundo adulto as coisas são bem diferentes. Somos cobrados por coisas que temos e coisas que não temos responsabilidade sobre... Sofremos decepções, aprendemos coisas à árduas penas.

Mas também temos privilégios. Criamos independência em vários aspectos e nos sentimos realizados com isso.
Conseguimos olhar para trás e ter a satisfação de que construímos algo bom, pra gente e para aqueles que estão ao nosso redor.

Conseguimos em algum momento, receber o olhar de admiração que tanto demos para outras pessoas no passado.

Ser adulto é também conviver com ironias... É perder o medo do escuro e passar a ter medo de coisas que não estão sob nosso poder. É largar a chupeta, mas não conseguir largar o cigarro...

É pedir colo, independente da idade... É admitir que se precisa de ajuda, mesmo quando tentamos parecer tão auto-suficientes.
É entender que - como diz a música - é impossível ser feliz sozinho...

Enfim, ser adulto é contemplar o passado e olhar com um pouco de desconfiança para o futuro.

É aprender a esperar o está guardado pra gente e fazer do agora algo que possamos também lembrar com saudades quando formos ainda mais velhos...

terça-feira, 22 de abril de 2008

Salvem os Românticos!

Além das baleias, mico-leões, onças-pintadas, araras-azuis e jacarés-de-papo-amarelo, há uma outra espécie em extinção que me preocupa...

Se antigamente eles existiam aos montes, hoje são raros de encontrar. E ao que tudo indica, os poucos exemplares que ainda circulam por aí devem sofrer algum tipo de preconceito ou repressão, porque se escondem como se fizessem parte de uma seita secreta, daquelas que só se entra sendo membro de uma mesma linhagem.

É... já foi o tempo em que ser romântico era um bom adjetivo. Aliás, em tempos de boladonas e danças do Créu, ser romântico parece tão antiquado e cafona, quanto aquela velha calça xadrez que fez sucesso décadas atrás.

Semana passada fui finalmente assistir a um show do Roberto Carlos, um item que estava na minha lista de "coisas a se fazer um dia na vida", há muito tempo. Era aniversário da minha mãe e achei que seria uma boa maneira de se comemorar.

Com sua voz aveludada e letras açucaradas, o Rei é certamente um dos últimos românticos, e fez muito marmanjo chorar ao cantar Detalhes.

É claro que o romantismo não é privilégio dos acompanhados. Ele pode estar presente em coisas simples, como admirar o céu naquele primeiro dia de lua cheia, ou assistir com contemplação às borboletas que brincam no jardim. Mas é quando duas pessoas se juntam que o substantivo ganha sua melhor forma...

Ser romântico é entender a importância de um pequeno gesto, um cafuné no meio do trânsito, um carinho na mão, um elogio fora de contexto... É prestar atenção em detalhes que fazem diferença...

É passar cinco segundos olhando para uma pessoa em silêncio e entender tudo o que ela quer dizer pra você... é saber a grandeza de uma frase curta como "te quero muito" ou "você me faz feliz"...

Sim, esses raros seres sonhadores, têm nas mãos um poder que os destaca dos demais.
São eles que nos fazem suspirar mais fundo, olhar para as estrelas, perder horas tentando lembrar aquela música que estava tocando quando vocês deram "aquele" beijo.

São eles que conseguem manter as melhores lembranças junto a si (e a nós) como quem carrega um inseparável amuleto da sorte.

"Não adianta nem tentar me esquecer" pode até parecer pretensioso demais, mas certamente é fato para quem escuta, afinal, quem deixa marcas sabe bem o tamanho de seu feito e sabe também que cicatrizes são insolúveis pelo tempo.

Sim, a extinção dessa espécie me preocupa! O mundo perderia grande parte de sua graça sem eles...

Por isso a você, romântico, meus sinceros votos de que não se desiluda... de que não perca as esperanças, nem se importe de parecer bobo ou de ser motivo de chacota.

Que você possa se juntar a outro semelhante, e que juntos, possam transcender qualquer modernismo dos dias de hoje.

Que vocês cultivem cada detalhe com doçura e afeto, e acima de tudo, que vocês sejam felizes dessa maneira única e especial que somente vocês têm acesso.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O Tarot Mitológico

"E assim, nesse momento encontramos o herói de nossa jornada sob a identidade de Dionísio, o deus misterioso chamado de 'O que Nasceu Duas Vezes'...
Essa carta mostra um jovem corajoso, vestido apenas com peles de animal, executando uma espécie de acrobacia à beira de um precipício... Seus olhos estão voltados para o romper do dia, onde o sol começa a despontar por entre as montanhas. À sua volta, apenas uma paisagem desolada e árida. À esquerda, oculta pelas sombras da noite que acaba de terminar, vê-se a entrada de uma caverna, de onde o rapaz acaba de sair...".

Sempre gostei de coisas místicas, tudo que tenta explicar o que está entre o céu e a terra.
Talvez por isso tenha finalmente começado a ler um livro que ganhei da minha tia há tempos: O Tarot Mitológico, no qual se explica cada carta usada no oráculo - como é o caso dessa aí de cima, O Louco.

Analisando a figura e seu significado, lembrei de uma cena do filme Cidade dos Anjos, um dos meus preferidos.

Assim como O Louco, o anjo Seth também tem à sua frente um precipício, que no filme pode dar fim à sua condição celestial para que ele finalmente possa viver e dar asas ao seu amor por uma mortal.

E como não poderia deixar de ser, acompanhando tudo isso está a belíssima trilha: Uninvited, da Alanis Morissette, que por si só já merecia destaque, mas que tem na letra, versos que se encaixam perfeitamente nessa minha reflexão.

Entre anjos, deuses e situações não-permitidas, me pergunto: o que difere uma pessoa de outra quando se fala em coragem?

O que nos impulsiona a dar um passo à frente ainda que o destino pareça um abismo totalmente desconhecido, cheio de dúvidas e temores?

Em quantos precipícios temos que nos atirar até que encontremos um vale florido que compense a queda, ou que cansemos de nos machucar?

Cada pessoa tem um limite próprio quando quer e se permite arriscar. Algumas pessoas têm mais, outras menos, mas é justamente esse limite que faz toda a diferença...

Concordo que muitas vezes, trocar o certo pelo incerto pode ser perigoso e decepcionante, mas só tem essa certeza quem ousa e escolhe uma opção.

Segundo o livro, O Louco é uma figura ambivalente, pois não existe garantia, no início de cada viagem, de chegarmos a salvo, ou mesmo de chegarmos ao fim dela... porém, "não começar a viagem é negar o deus que habita dentro de nós...".

E isso é bem explicado pelo livre-arbítrio, o poder máximo concedido a nós humanos. Fazemos nossas próprias escolhas, escolhemos nossos próprios caminhos.

Embora já tenha tomado alguns tombos e ainda esteja em dúvida quanto à dar um passo à frente, para aliviar meus temores em relação aos precipícios que me cercam, prefiro seguir o exemplo do filme.

Quando Seth se depara com a realidade totalmente inesperada do infortúnio destino de sua amada, um outro anjo lhe pergunta: "se soubesse que isso iria acontecer, teria feito mesmo assim?".

Certo de sua escolha, ele responde: "eu preferia por uma vez ter sentido o cheiro dos cabelos dela, dado um beijo em sua boca, tocado a sua mão, a passar uma eternidade sem fazê-lo."

E alguém ousaria chamá-lo de louco por isso?

sábado, 29 de março de 2008

Da água para o vinho

Nada como um dia após o outro...
Ainda que na segunda-feira você tenha a certeza de que seu estômago será inteiramente consumido pelo seu mau-humor, graças a Deus, a semana têm dias suficientes para reverter esse quadro.

Certas coisas acontecem quando você menos espera, da maneira que você nem imagina que possam acontecer, mas de forma que acabam transformando fatos corriqueiros em momentos bem mais memoráveis...

É assim quando você recebe e-mails ou recados de incentivo de pessoas que você nunca pensou que pudessem ter esse carinho por você, nem que sequer fossem notar o seu olhar triste...

Ou quando você conversa com alguém que conhece há pouco tempo sobre todo e qualquer assunto, como se vocês fossem amigos de looonga data.

Acontece quando mudam o rumo de suas obrigações oferecendo uma tarefa muito mais agradável do que a anterior.

Ou quando você escuta Accidentally in Love, do Counting Crows, que faz você rir por se identificar com a letra.

É também quando você recebe um afago de quem tinha te chateado há pouco e você percebe que na verdade, aquela mágoa foi causada sem a menor intenção.

E ainda, é quando no meio da madrugada, alguém diz que sente a sua falta, embora você pensasse que era a única pessoa acordada que sentia saudades de alguém...

Pra mim, ter uma boa semana pode se resumir a simplesmente conseguir fazer balizas perfeitas, sem a ajuda de terceiros (pois é, às vezes me contento com pouco, e desafiar o meu senso de direção e minha pequena noção de distância chega a ser motivo de comemoração)...

Às vezes basta um retorno, uma mensagem, um olhar de carinho e um belo sorriso para nos sentirmos queridos e felizes.

Às vezes basta uma piada boba, ou uma besteira dita sem querer por uma amiga para se ter um gostoso e comprido ataque de riso.

Basta encontrar um único motivo e tudo muda ao nosso redor...

E antes que o seu estômago seja inteiramente consumido, para se digerir certas coisas que às vezes não engolimos muito bem, é preciso trocar o acompanhamento, e - num irônico trocadilho gastronômico - mudar da água para o vinho... ;-)

Assim, quando menos se espera, em apenas alguns dias o seu paladar passa do amargo gosto do boldo, ao doce e pueril sabor de tutti-frutti...

terça-feira, 25 de março de 2008

"Do chão não passa..."

De tempos em tempos eu tenho saudades da minha época de bailarina...

Saudades de sentir o pleno domínio do meu corpo ao executar um adágio bem feito. Saudades de como eu me sentia "em casa" quando me colocava na barra... Saudades da liberdade de poder interpretar fadas, princesas, rainhas... árabes, flores e flocos de neve, quase tudo num mesmo espetáculo.

Saudades do sentimento único e quase inexplicável que é ter somente um foco de luz a me iluminar, como se eu tivesse o poder de guiá-lo com os meus passos...

Mas principalmente, tenho saudades dos aplausos.
Aquele som que coroa todo o esforço e nos faz esquecer da dor e do sofrimento que tivemos antes de chegar ali. Batidas de mãos que se transformam em música e nos elevam à glória.
Sim, sinto falta dos aplausos... o grande reconhecimento do artista...

Longe do palco, aqui na vida real, ser reconhecido é quase tão difícil quanto fazer uma série de 32 fouettés com uma sapatilha de ponta...

Sabe, durante anos eu tive uma professora que sempre que pedia um movimento que necessitava de mais destreza do que o normal, ela nos confortava com a frase: "se cair, do chão não passa"...

Lembrei disso porque muitas vezes tentamos nos arriscar com "passos difíceis" e parece que alguma força externa - muitas vezes não-identificada - nos passa uma rasteira e PLEFT! Vamos ao chão!

São tombos pequenos que acontecem no trabalho, na vida pessoal, nos nossos projetos e empreendimentos... São tombos que às segundas-feiras, nos fazem entrar no carro e pensar em dirigir até acabar a gasolina...

Como nem tudo é tão ruim quanto parece, mantendo um pouco de juízo na cabeça, você acaba enfrentando mais um dia e quando volta pra casa imaginando como as coisas podiam ser diferentes, o rádio lhe presenteia com Dias Melhores, do Jota Quest.

Aquela frase da antiga professora de ballet volta à tona: "se cair, do chão não passa...". Ela estava certa!

Enquanto buscamos reconhecimento por nossas ações e conquistas, os tombos inevitavelmente acabam fazendo parte do processo. O lado positivo é que o chão foi feito para nos apoiar e - graças à evolução humana - somos perfeitamente capazes de nos erguer novamente sobre nossos pés...

Jota Quest me confortou... e se esse não foi um bom dia, outros melhores virão!

sábado, 15 de março de 2008

A arte de encantar

Sabe esses arquivos de slides? Esses benditos .pps?
Pois é, eu detesto! Mas outro dia recebi um de uma grande amiga e por isso resolvi dar mais atenção...

Era um poema cheio de paisagens, atribuído a Pablo Neruda e intitulado "Me encante".

Mesmo achando meio cafona, o poema é indiscutivelmente lindo.
Principalmente porque já começa com uma das frases que mais me tocaram: "me encante da maneira que você quiser, como você souber".

Quão verdadeiro! Não é preciso encontrar fórmulas, nem fazer listas cheias de itens em ordem de importância quando o que se pede é tão pouco: me encante! Não importa como, apenas faça...

Dizem que existe amor à primeira vista. Eu, nunca pude comprovar...
Mas posso afirmar que o encantamento é algo tão belo quanto o amor... é inesperado como um raio em plena noite de luar... é como ouvir Clair de Lune, de Debussy, pela primeira vez...

É também uma qualidade de poucos. É como uma arte que nem todos têm acesso, um dom que só a alguns é oferecido.

A intensidade de um encanto pode ser tão incalculável quanto a quantidade de pessoas que suspiram de amor neste exato momento.
Digo isso porque tenho certeza que muita gente por aí já se deixou envolver por ele e, sem perceber, o que eram apenas borboletas presas no estômago e purpurinas soltas pelo ar, agora já se tornou algo muito mais forte.

O amor é vital, mas o encantamento é essencial... E mais sortudo do que aquele que conhece bem a arte de encantar, só mesmo quem é agraciado com a reciprocidade do mesmo.

Por isso... me encante!

Me encante com seu canto, com o seu olhar cheio de sinceridade...
Me encante ao ponto de me deixar sem ar... me encante de uma forma que eu me sinta única e indispensável!

Me envolva em seus braços e em sua vida. Me fale com palavras que venham do coração e por favor diga as coisas que eu mais preciso ouvir, quando eu menos esperar...

Me encante com seus gestos e seus sorrisos...
Aliás, que o seu encanto faça o meu sorriso se abrir e os meus olhos brilharem a cada dia que eu estiver do seu lado.

Me encante para que eu possa acreditar, que mesmo não sendo imortal, posto que é chama, que seja intenso e verdadeiro durante a sua - ainda que breve - existência.

Que o seu encanto seja minha inspiração.
E que esteja pra sempre em minhas recordações, para que se um dia não estiveres mais por perto, eu possa me lembrar de como fui feliz por ter me deixado encantar...

terça-feira, 11 de março de 2008

Aprendendo a esperar

Na volta do trabalho, eu e um amigo conversávamos sobre o verão. Tem feito muito calor nessa cidade e ele dizia que não via a hora de chegar o inverno...

Também incomodada com o ar quente que mal circulava na rua, eu pensava em como é difícil pra nós seres humanos, sempre apressados em tudo, esperarmos por alguma coisa.

Como é ruim e angustiante aguardar uma oportunidade no trabalho, uma resposta que demora a chegar... um telefonema daquela pessoa que mexeu com você ou notícias de quem está distante...
Enquanto esperamos, os minutos se arrastam e viram horas, e o que era ansiedade, depois de um tempo acaba virando conformismo e às vezes, até um certo sentimento de derrota.

Mas então, qual a chave certa para acabar com esses momentos de estagnação? Se conformar com determinada situação ou buscar aquilo que achamos que vale à pena?
E se o que buscamos com tanto afinco, não for tão válido assim?

Ansiosa por respostas, encontrei consolo em uma caixa de Amandita e também nos versos de Tocando em Frente, de Almir Sater e Renato Teixeira.
A letra da música, que nessa versão, é entoada por Maria Bethânia, diz: "ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais"...

Enquanto divagava sobre o assunto, senti cheiro de chuva vindo da janela. Logo aquele ar quente que tanto abafava o ambiente, deu lugar à uma brisa suave que parecia ter vindo com a intenção mesmo de refrescar a alma.

Assim, percebi: talvez não seja preciso aguardar o inverno para parar de se incomodar com o calor.
Talvez para fugir de nossas angustiantes esperas, possamos encontrar soluções simples como uma chuva de verão.

No final das contas, acho que é só mesmo uma questão de aprender a esperar.

Podemos até investir em algo que acelere o processo, mas é preciso entender que as coisas acabam acontecendo naturalmente, na hora certa que têm que acontecer...

Obviamente, Almir Sater encontrou essas respostas bem antes de mim, porque, como ele mesmo diz: "cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz"...

quarta-feira, 5 de março de 2008

Além do Arco-Íris


Ok, ok... sei que estou devendo postagens sobre o meu "crucero", mas a verdade é que eu tenho tanta coisa pra escrever sobre ele que nem sei por onde começar...
Assim, aproveitando o meu aniversário que está chegando, preferi mudar um pouco o rumo da conversa.

Quando estava perto de completar 25 anos, eu entrei numa super crise existencial... Achei que as coisas na minha vida estavam tomando o rumo errado... e estavam mesmo...
Rompi com tudo e decidi começar do zero (embora aos 25 anos já não seja tão do zero assim - rs)...

Três anos se passaram e nesse tempo muita coisa mudou.

Revi meus conceitos, mudei de opinião a respeito de vários assuntos. Me tornei mais paciente com algumas coisas e menos tolerante com outras.
Aprendi a lidar com os fracassos e a comemorar as vitórias com o devido entusiasmo que elas merecem.

Enfim defini exatamente o que eu quero e o que eu não quero para a minha vida!

Nessa louca metamorfose, tive todo o apoio da minha família, que foi e sempre será meu grande alicerce.

Felizmente, essa fase também foi "temperada" por pessoas muito especiais. Amigos queridos que estiveram presentes em diversos momentos, dividindo lágrimas com o mesmo empenho que dividiam as risadas.

Aliás, como toda pisciana, derramei muitas lágrimas nessa transição. De tristeza, de raiva, de angústia...

Fechada ao redor de tudo que eu considerava um problema, não levei em consideração a ironia, que é na minha opinião, a melhor característica do destino.

Assim, demorei a perceber que a cada choro, um sorriso se reservava e aguardava a hora certa de aparecer, fazendo jus ao ditado que diz que "depois da tempestade, vem a bonança".

Acredite, ela vem! E se viesse acompanhada de trilha sonora, seria Somewhere Over the Rainbow, na belíssima versão do havaiano Israel Kamakawiwo Ole.

Hoje, ao chegar cada vez mais próxima dos 30 anos, nenhuma crise me assombra. Está tudo enterrado no passado, a sete palmos do meu coração.

Corri atrás do meu arco-íris e descobri que além dele há muita beleza para ser vista, um paraíso particular que é raríssimo de encontrar e está acessível somente aqueles que o desejam com força e otimismo.

Nesta nova fase, fiz também uma feliz descoberta, uma das mais importantes da minha vida: pra Deus, NADA é impossível!

Sei que o ano está apenas começando, assim como a minha nova idade.
Ainda tem muita coisa pela frente, uma longa estrada de tijolos amarelos, cheia de desafios...

Mas pelo pouco que vi até agora, posso afirmar com toda a certeza: além do arco-íris há realmente um mundo maravilhoso!!!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Aos melhores amigos que uma pessoa pode ter

Cada pessoa tem um jeito diferente de encarar a morte...

Pra mim é saber a hora de se desprender... é conseguir deixar de ser egoísta, como é tão natural do ser humano...

Lidar com a morte é celebrar a vida, é relembrar tudo de bom que aquela criatura nos proporcionou enquanto compartilhamos nossa existência.
É ter saudades e chorar com um sorriso nos lábios, de tão felizes que são as lembranças!

Por sorte (ou azar), as criaturas mais próximas que perdi até hoje foram meus cachorros. Pode parecer estranho pra muita gente, mas aqui em casa eles fizeram e fazem parte da família, e têm muito mais valor do que muitas pessoas que eu já conheci nessa vida...

Aos nove anos de idade eu ganhei uma cadela da raça daschund, uma simpática salsichinha com pedigree e tudo. Zíngara Von Haiderg, nome - e postura - de princesa!

A Zíngara sempre foi o xodó da minha mãe, mas não tinha quem não se encantasse por ela. Talvez fosse o rabinho diferente, que veio com um vértebra encavalada - o que seria um bom motivo pra ela ficar pra sempre na casa da criadora, acabou me conquistando, mesmo sendo tão criança.

Ela foi uma cachorra tão boa que nunca deu trabalho! Foi amiga e companheira durante 18 anos... Isso mesmo, 18 anos... Sempre fiel, graciosa e brincalhona...

Pra mim a Zíngara teve ainda mais importância. Foi ela que me deu o maior presente que alguém pode receber, algo que não se compra, simplesmente se ganha como uma benção: um melhor amigo.

O nome dele era Athos, o filhote que veio junto com a Angie e o Eros.

O Eros, apesar de muito querido, foi pra casa da minha avó e está lá até hoje. Já a Angie, sempre submissa e carente de atenção, está agora aqui me olhando, sem entender muito bem esse novo vazio que surgiu em casa.

Dizem que mãe não elege um preferido, mas acho que eu contrario essa regra... O Athos se foi no comecinho do ano passado, aos 11 anos de idade, e não tem um dia que eu não sinta a falta dele...

Nós éramos tão grudados que ele era capaz de decifrar meus sentimentos... brincava quando me via eufórica, deitava ao meu lado quando eu estava irritada, pedia colo quando percebia minha tristeza. Me fazia companhia em TODAS as horas!

Apesar de ter vários problemas de saúde, o Athos era um cachorro bem alegre. Corajoso e valente, mas muito carinhoso. Tinha uma particularidade interessante: gostava que cantassem pra ele!
Sei que agora está parecendo papo de louco, mas é verdade! Ele fazia a maior festa quando alguém cantava pra ele.

Meio que por associação, eu costumava cantar pra ele uma música que meu padrinho cantava pra mim quando eu era pequena, uma das maiores demonstrações de carinho já traduzida em palavras: Leãozinho, do Caetano Veloso.

E assim, hoje - como uma forma estranha de encarar a morte - antes que a Zíngara se fosse, eu cantei de novo Leãozinho.
Como um singelo adeus, pedi que o Athos a fizesse companhia nessa nova jornada e agradeci de todo o coração por tudo o que vivemos nos últimos 18 anos...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Só pra constar...

Como ficarei uma semana sem passar por aqui, vou deixar uma música que já compartilhei com um grande amigo e que tem sido a trilha desses últimos dias...

É Don't Get me Wrong, do The Pretenders, que consegue ser doce e empolgante ao mesmo tempo, e tem uma letra que é puro encantamento!

Por enquanto é só, não leve a mal, escrevo mais sobre ela na volta... ;-)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Delícia de Nostalgia

Como a vida não é feita só de trabalho, às vezes dá tempo de se jogar um pouco de conversa fora na redação. E quando o assunto gira em torno de preferências culturais, um dos meus chefes costuma soltar um comentário curioso a meu respeito. Ele diz que tenho uma "nostalgia daquilo que não vivi".
O engraçado é que é verdade... Aprecio tudo que é de bom gosto e infelizmente, já passou.

É como se eu quisesse resgatar algumas coisas que admiro e que não tive a oportunidade de viver. Aquele cavalheirismo de antigamente, as sutilezas, as breves trocas de olhares... Os salões de baile, os vestidos elegantes, os cabelos cheios de brilhantina...

E que delícia de nostalgia é Música Suave, do Roberto Carlos. Ela é de 1978, mas já naquela época o Rei desejava voltar a um tempo ainda mais remoto... assim como eu...

Ao escutar, fico pensando: será possível definir a explosão de sentimentos de se dançar de rostinho colado com aquela pessoa que há tempos você fica imaginando como é a textura da pele? Qual o perfume que exala?

Hoje em dia, uma mulher de vinte e poucos anos chega numa balada e escuta: "pô, mina... você é mó gata, sabia?".... Ah, tenha dó!

Tudo bem vai, acho que acordei meio saudosista... Deve ser o clima de cruzeiro chegando...

Aliás, coisa glamourosa essa de se viajar de navio, não é?

Outro dia inventei de levar um chapéu. Uma amiga minha virou e disse: "em cruzeiro vale tudo, Patricia, tudo fica chique, bonito...". Também é verdade - embora eu ainda esteja avaliando o uso do chapéu (rs)...

Acho que esse é um dos motivos de eu gostar tanto desse tipo de viagem. A atmosfera é diferente, o cenário é diferente, as pessoas te tratam de um jeito diferente... há mais gentileza, mais cordialidade no ar...
A gente se veste melhor, contempla mais cada momento... O céu, o mar, a brisa no rosto... a lua e as estrelas... tudo tem um "quê" de magia...

E essa música fica realmente perfeita para esse momento pré-navegação!

Com um pouco de sorte, talvez mais gente entre nesse clima nostálgico...
E o que era pra ser um cruzeiro moderninho de mulheres de vinte e poucos anos, possa até incluir uma dança de rostinho colado...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Curiosidade

Sabe aquela coisa que aguça todos os nossos sentidos? Aquela vontade de descobrir o novo, saber mais sobre ele, chegar perto, conhecer?

Pois é... acontece todos os dias, o tempo todo, com milhares de pessoas... E aconteceu com uma música, há tempos atrás...

Eu escutava pequenos trechos, sempre na mesma rádio... mas nunca conseguia identificar de quem era, nem o nome da canção.

E é aí que está o interessante da coisa: quando se fica curioso a respeito de algo, é importante ter paciência para aguardar o momento certo de se contemplar a descoberta, porque certamente, depois de um pouco de insistência, se chega ao objetivo!

Assim, numa bela tarde, tive sorte de ligar o rádio e pegar a música nos primeiros acordes, e mais sorte ainda de ouvir o locutor dar os créditos: Stars and Boulevards, do grupo Augustana.

A música é bacaninha, não tem nada demais, mas o engraçado é que ela me instigou até eu descobrir qual era!

Esse sentimento que pode ser encarado como um "leve interesse", me fez lembrar de situações bem corriqueiras.

Quantas vezes nos deparamos com pessoas que instigam nossa curiosidade? E quantas vezes nos damos conta de que aquela oportunidade de conhecê-la, de saber mais sobre ela, pode ser única?

Como saber quais caminhos estão cruzados e quais deles só fazem parte do cenário, são só alamedas e estrelas ao nosso redor?

Não existe regra que diga se é certo ou errado se chegar próximo desse "objeto" de curiosidade, assim como também não existe um cupido de plantão para nos dizer a hora certa de se fazer isso.
Mas em se tratando de relacionamentos, acredito que o bom senso seja uma das regras principais.

E aí, enquanto a não-reciprocidade pode gerar experiências um tanto quanto traumatizantes (rs), é a vontade de descobrir, de matar a curiosidade, que nos faz chegar a novos horizontes...

Pode ser que sejam belos, pode ser que não seja exatamente o que você tinha imaginado, pode ser que você só o veja por mais meia hora...
Mas o que importa mesmo, é que pelo menos você vai pra casa com a sensação de que não deixou aquela oportunidade se perder em mais uma alameda.

No caso da música, ela pode nem ser tudo isso, mas agora que a conheço, posso escutar à hora que eu quiser...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Pessoas e Músicas

Já faz um mês que finalizei esse blog... Escolhi o título, as fontes, as cores, a foto... só me faltava tempo para começar a escrever.

Finalmente chegaram as minhas tão esperadas férias e surgiu uma dúvida: se esse é um blog que sugere trilhas sonoras para todo e qualquer momento, qual deveria ser a trilha que o estrearia?

Pensei bastante e escolhi uma música que escutei há pouco tempo no rádio. Uma que o locutor anunciou da seguinte maneira: "essa é pra quem está apaixonado"... Era Bubbly, da Colbie Caillat.

Ao escutar, logo percebi que realmente era uma daquelas canções açucaradas que nos fazem viajar... Mas não é preciso estar apaixonado para entrar no clima... aliás, não é preciso nem entender o que a letra em inglês diz... Ela simplesmente te agrada...

Você pode estar indo pro trabalho e nos primeiros versos dá vontade de olhar pela janela do carro... um milhão de pensamentos passam pela sua cabeça naquele breve momento: aquela pessoa que você gosta, o seu cachorro fazendo gracinha no tapete de casa, o final de semana que está chegando, um sorvete de chocolate escorrendo pela casquinha...
Então você abre um sorriso, e segue o seu caminho...

Mas essa também é uma música que pode fazer você simplesmente olhar pela janela do carro e se sentir plenamente feliz por aquele segundo... E então, ao voltar pro seu caminho, você apenas sorri e diz: "que música bonitinha"...

E no meio de toda essa viagem sobre uma música tão boba, eu percebi uma coisa realmente importante: pessoas são como músicas.

Algumas aparecem, passam pelo seus sentidos, mas você não presta muita atenção... ou porque elas não dizem muita coisa, ou somente porque não são do seu gosto.

Outras precisam de mais convivência, a gente escuta e fica com aquela sensação de "não sei bem se eu gostei"... Mas na segunda ou terceira vez, a gente nota que aprendeu a gostar, e com o passar do tempo, você nem lembra que um dia já teve suas diferenças com ela.

Felizmente, há aquelas que não precisam de nenhum esforço para nos cativar, nos agradam desde o primeiro momento! Nos fazem feliz só de sentí-las ao nosso redor...
Elas acabam se tornando tão importantes, que você não consegue se imaginar sem a presença delas. Nos dão ritmo e conforto quando precisamos, são trilhas das horas felizes e também das tristes...

Mas o melhor de tudo isso, é que assim como as músicas, podemos escolher as pessoas que queremos mais próximas de nós.

E de alguma forma - talvez por um motivo que tenha a ver com a teoria da seleção natural de Darwin - essas pessoas que não fazem diferença em nossas vidas, acabam sendo esquecidas e assim, abrem espaço para que novas e melhores pessoas venham fazer parte de nossas trilhas...

sábado, 5 de janeiro de 2008

Por que Trilhas de Patricia?

Esse blog surgiu depois de uma "certa insistência" de uma colega de trabalho...

Em novembro de 2007 eu fui convidada para ser comentarista do Blog da Bienal Sesc de Dança, um trabalho cansativo, mas que eu adorei fazer.
Um belo dia, essa minha colega leu postagem por postagem do Blog, e me disse: "isso é um dom que não pode ser desperdiçado... você deveria ter um blog!"...

Bom, tá certo que eu não fiz jornalismo à toa... sempre gostei de escrever... mas escrever sobre o quê???
E foi aí que eu parei pra pensar e descobri a coisa que mais influencia a minha vida: música!
Engraçado porque eu não toco nenhum instrumento, nem sei cantar... Mas tudo o que eu mais amo fazer está sempre relacionado a música:

- fui bailarina durante 15 anos e não conseguia me imaginar dançando sem música - embora esta seja uma tendência moderna, como deixar de lado Tchaikovsky e Chopin???

- não fico mais de três semanas sem sair pra dançar com os meus amigos - meu corpo sente falta e minha alma, mais ainda...

- adoro cantar que nem doida quando dirijo;

- gosto de ouvir música enquanto trabalho, principalmente quando preciso esfriar a cabeça...

- adoro cozinhar e ouvindo música parece que o prato fica pronto mais rápido;

- incrivelmente, tenho minhas melhores idéias durante o banho, entre uma cantoria e outra (parece esquisito, mas é verdade - rs);

- quando encontro uma música nova que eu gosto muito, fico escutando repetidamente até enjoar (e demora);

- sempre deixo o rádio ligado para pegar no sono, e geralmente acordo no meio da noite se toca uma música que eu adoro;

- coloco várias músicas deprê quando estou triste... choro bastante e acordo renovada;

- acho impossível imaginar um romance sem música...

- sempre guardo na cabeça a música que estava tocando em determinado acontecimento;

- acredito que todo momento deveria ter uma trilha sonora, uma música que nos envolvesse como um abraço e nos fizesse recordar daquele momento pra sempre...

E foi assim... refletindo sobre tudo isso, surgiu esse blog...

Ainda bem que a minha colega insistiu!