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domingo, 18 de maio de 2008

É preciso sangrar?

É incrível como de vez em quando nos deparamos com situações que acreditamos ser passageiras, mas que acabam durando bem mais que o esperado...

Oras, pra mim o que não tem solução é a morte! Para todo o resto, há alternativas que dependem da boa vontade e da inteligência de cada um...

Mas embora (na maioria das vezes) tenhamos a capacidade de nos recuperar de vivências ruins, a pergunta aqui é: por que precisamos passar por certas coisas?

Temos fases de alegria e tristeza, de choro e de riso, o tempo inteiro...

Tem gente que acha que isso dá graça à vida, que se fosse diferente, viveríamos numa melancolia sem fim... Será?!

Será que é preciso errar para aprender com os erros? Será que como diz a música Iris, do Goo Goo Dolls, é preciso sangrar para saber que estamos vivos?
É preciso cortar a pele para sabermos que existe dor? É preciso sentir o coração em pedaços para saber que ele consegue - sim - se regenerar?

É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado - assim como pregam os versos de Guimarães Rosa?

Por que as coisas não podem ser mais simples? Será que merecemos mesmo determinados infortúnios?

Por que não investimos o nosso dinheiro na opção que vai ser lucrativa? Por que não saímos de casa com guarda-chuva quando nosso sexto sentido diz que o tempo vai virar? Por que não nos apaixonamos pelo mesmo alguém que um dia vai nos levar ao altar?

Por que insistimos em achar que "ter experiências boas e ruins" enobrece e nos torna pessoas melhores e mais maduras?

Será que é preciso ter o dom da clarividência para saber o que vai dar certo e o que não vai?

Somos humanos, não temos super-poderes... no máximo temos a vontade de fazer com que as coisas que almejamos dêem certo... que as nossas ousadias no trabalho sejam bem sucedidas... que as pessoas que queremos possam nos fazer plenamente felizes...

Antigamente quando eu ficava num dilema, tinha a mania de fazer o seguinte pedido às forças celestiais "se tal coisa for boa pra mim, que aconteça".

Cansei de agir assim... Hoje em dia, peço diferente: "que tal coisa SEJA boa pra mim"...

Aliás, hoje em dia nem peço tanto, procuro correr atrás daquilo que quero, com toda a força que consigo dispor naquele momento.

Quero tanto acertar que me importo (muito) de errar. Às vezes, demoro a perceber meu erro e até insisto nele... Digo pra mim mesma que uma coisa"só acaba a hora que eu disser que acabou"...

Pode parecer estúpido, mas é o que mantém a minha consciência limpa de saber que esgotei todas as possibilidades que pareciam possíveis...

Analisando agora, cheguei à conclusão de que isso é um defeito. Talvez se pensasse diferente, eu não me decepcionaria tanto ao esperar atitudes fortes e corajosas de certas pessoas que não as têm...

Tem um ditado que diz que a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional... Besteira...
Dor e sofrimento são a mesma coisa e deveriam ser igualmente evitáveis!

Mas... temos esse poder? Somos capazes de evitar o sofrimento?

Aonde será que esse dom está escondido? No fundo da alma, em algum lugar quase não explorado pelo cérebro, entre as milhares de digitais de uma mão, numa pequena artéria do coração?

Mahatma Gandhi (como sempre) tem uma boa alternativa pra essas indagações.
Em uma de suas citações, ele diz que se pudesse, quando tudo mais faltasse, deixaria um segredo: "o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída"...

É preciso dizer mais?

2 comentários:

Augusto César disse...

Não minha querida, não é preciso dizer mais nada. Realmente não é preciso sangrar, porém, sangrar, sofrer, sentir dor, tudo isso apesar de indesejável, às vezes é inevitável.

Sabe, às vezes sofremos e sangramos não por opção, mas porque temos que realmente passar por determinadas situações, como se em um determinado momento, o caminho de nossas vidas tivesse que obrigatoriamente passar por ali, exatamente naquele terreno acidentado, e veja, não adianta tentar mudas a trajetória! É exatamente ali que você deve e tem que passar para alcançar uma outra superfície.

Já ouviu dizer que pessoas são como cidades? Não? Eu ouvi isso em algum lugar.

Por exemplo a cidade de San Francisco está localizada sobre a falha de San Andreas, que é um desnível no terreno da região que provoca pequenos abalos sísmicos de vez em quando e grandes terremotos de tempos em tempos. Você está caminhando pela cidade, apreciando a arquitetura vitoriana, a baía, a Golden Gate, e de uma hora para outra pode perder o chão, ver tudo sair do lugar, ficar tontinho, tontinho. É pouco provável que vá acontecer justo quando você estiver lá, mas existe a possibilidade, e isso amedronta mas ao mesmo tempo excita, vai dizer que não?

Assim são também as pessoas interessantes: têm falhas.

Pessoas perfeitas são como Viena, uma cidade linda, limpa, sem fraturas geológicas, onde tudo funciona e você quase morre de tédio!

Pessoas, como cidades, não precisam ser excessivamente bonitas. É fundamental que tenham sinais de expressão no rosto, um nariz com personalidade, um vinco na testa que as caracterize. Pessoas, como cidades, precisam ser limpas mas não a ponto de não possuirem máculas. É preciso suar na hora do cansaço, é preciso ter um cheiro próprio, uma camiseta velha pra dormir, um jeans quase transparente de tanto que foi usado, um batom que escapou dos lábios depois de um beijo, um rímel que borrou um pouquinho quando você chorou. Pessoas, como cidades, têm que funcionar, MAS NÃO PODEM SER PREVISÍVEIS. De vez em quando, sem abusar muito da licença, devem ser insensatas, ligeiramente passionais, demonstrarem um certo desatino, ir contra alguns prognósticos, cometer erros de julgamento e pedir desculpas depois, pedir desculpas sempre, pra poder ter crédito e errar outra vez.

Pessoas, como cidades, devem dar vontade de visitar, devem satisfazer nossa necessidade de viver momentos sublimes, devem ser calorosas, ser generosas e abrir suas portas, devem nos fazer querer voltar, porém não devem nos deixar 100% seguros, nunca. Uma pequena dose de apreensão e cuidado devem provocar, nunca devem deixar os outros esquecerem que pessoas, assim como cidades, têm rachaduras internas, portanto podem surpreender.

Falhas, podem, e humanamente devem acontecer. E isso Pati, às vezes nos fazem sangrar ... não que seja preciso, mas nos fazem mesmo assim.

Falhas. Agradeça as suas, que é o que humaniza você, e nos fascina.

Mas em você, particularmente, ainda não as vejo, mas bem que gostaria, porque teria certeza de que vc é de carne e osso igual a mim.

Não se decepicione com aquilo que às vezes vc acha ser falta de atitude ou coragem. Talvez, nem vc mesma não saiba, mas, atrás de cada passo, por menor que seja, cada palavra proferida ou escrita, cada pensamento direcionado, travou-se uma grande batalha no terreno do desejo e outra no da esperança.

Dependendo pelo que se luta, qualquer batalha, sacrifício e esgotamento das forças é válida.

Vc é encantadora, e isso é fato! Vale todo o esforço.

E todo o encantamento que sinto me faz seguir ...

... e pode parecer piegas, mas, do fundo do coração quero muito alcançar vc !!! Mesmo que isso ainda me fizesse sangrar, eu sangraria muito satisfeito e feliz.

Um beijo linda !

Renier Vieira disse...

Bom, se é preciso sangrar eu não sei. O que eu sei é o que o nosso grande Renato Russo já dizia em
"Pais e Filhos"
: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã."

Besos chica,
Renier