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domingo, 8 de junho de 2008

Pérolas

No meu micro tenho uma lista de músicas clássicas internacionais, a seleção que chamo de "Pérolas". Como há tempos não escrevo, achei que escutar canções antigas e melodramáticas pudessem me dar um bom texto.

Mas a verdade é que, ao invés de produzir algo como o título da minha seleção musical, percebi que estou me sentindo como uma ostra vazia. Nada novo me vem à cabeça, nenhuma situação, nenhum sentimento...

Acaba de tocar All out of love, do Air Supply, e se eu não fosse contra a mania de americanizar o nosso vocabulário, teria um bom título para esta postagem: "All out of inspiration"...

Pra mim não ter inspiração para escrever é como assistir mais da metade de um filme e não se interessar pelo resto, desligar a TV antes dele chegar no final... é como comer sem ter fome, só porque está na hora do almoço... é um estado chato e sem graça de ser humano!

Será realmente preciso ter novas emoções, para nos tornarmos mais criativos, mais cheios de conteúdo?

Pensando nisso, lembrei que outro dia assisti à uma palestra motivacional do Professor Luiz Marins promovida pelo meu trabalho.

Entre os vários temas que ele apresentou, um realmente me impressionou (talvez por eu ter me identificado totalmente - rs)...

Dizia que, segundo estudos, passamos 70% do nosso tempo pensando no passado, no que já aconteceu... sentindo nostalgia e melancolia...

Outros 25% do nosso tempo são dedicados ao futuro, aos nossos devaneios sobre o que ainda vai ou pode acontecer, aquilo que chamamos de sonhar acordado...

Isso quer dizer que dedicamos apenas 5% do nosso tempo pensando no presente, naquilo que está acontecendo nesse exato momento...

Como pode???

Será que temos tantos motivos para nos arrepender do que fizemos ou deixamos de fazer no passado? Por que temos a mania de "medir" sentimentos, comparando o que sentimos agora com o que sentimos outrora: "e se o que está por vir for ainda mais intenso do que o que temos em nossas mãos? Não é melhor ficar livre para agarrar o que vem adiante?"...

"E se as minhas ações futuras comprometerem os sentimentos de quem está ao meu lado? Não é melhor evitar o sofrimento dessa pessoa???"...

Meu Deus!!! Por que pensamos tanto nesse tipo de dilema??? Por que simplesmente não conseguimos viver um dia de cada vez, o Hic et nunc, o aqui e agora?

Nos preocupamos tanto em evitar riscos que acabamos vivendo sem emoção, sem desencadear sentimentos que nem sempre são ruins de se ter... E viver sem riscos é tão entediante quanto ficar sem inspiração...

Voltando a um texto anterior, não acredito que tenhamos que sangrar só para saber que estamos vivos. Mas sabendo que podemos nos cortar, podemos - sim - continuar uma ação apenas tomando o cuidado de não se ferir.

Ostras vazias nunca tiveram que se defender de um fator desconhecido, de algo que lhes causaria medo, desconforto, e até dor... Por outro lado, também nunca presentearam o mundo com pérolas...

Prefiro me arriscar... talvez eu não encontre uma jóia rara no caminho, mas por hora, achar algo que me dê inspiração já é suficiente...

Como disse o professor Marins: "um minuto atrás, não me pertence mais... um minuto à frente, ainda não me pertence, a única coisa que me pertence, é o momento presente". Pense nisso! ;-)

2 comentários:

Augusto César disse...

Inspire-se linda !

Apenas olhe para vc, é o que basta.

Vc não é "uma ostra vazia".É a própria pérola dentro dela. A verdadeira JÓIA RARA.

Se é o momento presente que me pertence, quero dividí-lo com vc, dedicá-lo a vc, trazer algo novo, um sentimento que a inspire.

Veja, hoje é "dia dos namorados" e fico pensando que, se depender só de mim, ano que vem, é pra vc que eu vou desejar "feliz dia dos namorados".rs

Igual a vc, também prefeiro me arriscar em prol da felicidade, mas, antes de me pôr em risco fico pensando, será que é a hora ? Espero que seja...

Me apaixono cada vez mais ...

Eu ainda vou namorar vc!

Bjoss.

Diogo Chiuso disse...

Tudo começou sem inspiração... e deu nesse texto inspiradíssimo! Fico aqui a imaginar o que irás escrever quando inspirada.

Belo texto!
Bjos