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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Aos melhores amigos que uma pessoa pode ter

Cada pessoa tem um jeito diferente de encarar a morte...

Pra mim é saber a hora de se desprender... é conseguir deixar de ser egoísta, como é tão natural do ser humano...

Lidar com a morte é celebrar a vida, é relembrar tudo de bom que aquela criatura nos proporcionou enquanto compartilhamos nossa existência.
É ter saudades e chorar com um sorriso nos lábios, de tão felizes que são as lembranças!

Por sorte (ou azar), as criaturas mais próximas que perdi até hoje foram meus cachorros. Pode parecer estranho pra muita gente, mas aqui em casa eles fizeram e fazem parte da família, e têm muito mais valor do que muitas pessoas que eu já conheci nessa vida...

Aos nove anos de idade eu ganhei uma cadela da raça daschund, uma simpática salsichinha com pedigree e tudo. Zíngara Von Haiderg, nome - e postura - de princesa!

A Zíngara sempre foi o xodó da minha mãe, mas não tinha quem não se encantasse por ela. Talvez fosse o rabinho diferente, que veio com um vértebra encavalada - o que seria um bom motivo pra ela ficar pra sempre na casa da criadora, acabou me conquistando, mesmo sendo tão criança.

Ela foi uma cachorra tão boa que nunca deu trabalho! Foi amiga e companheira durante 18 anos... Isso mesmo, 18 anos... Sempre fiel, graciosa e brincalhona...

Pra mim a Zíngara teve ainda mais importância. Foi ela que me deu o maior presente que alguém pode receber, algo que não se compra, simplesmente se ganha como uma benção: um melhor amigo.

O nome dele era Athos, o filhote que veio junto com a Angie e o Eros.

O Eros, apesar de muito querido, foi pra casa da minha avó e está lá até hoje. Já a Angie, sempre submissa e carente de atenção, está agora aqui me olhando, sem entender muito bem esse novo vazio que surgiu em casa.

Dizem que mãe não elege um preferido, mas acho que eu contrario essa regra... O Athos se foi no comecinho do ano passado, aos 11 anos de idade, e não tem um dia que eu não sinta a falta dele...

Nós éramos tão grudados que ele era capaz de decifrar meus sentimentos... brincava quando me via eufórica, deitava ao meu lado quando eu estava irritada, pedia colo quando percebia minha tristeza. Me fazia companhia em TODAS as horas!

Apesar de ter vários problemas de saúde, o Athos era um cachorro bem alegre. Corajoso e valente, mas muito carinhoso. Tinha uma particularidade interessante: gostava que cantassem pra ele!
Sei que agora está parecendo papo de louco, mas é verdade! Ele fazia a maior festa quando alguém cantava pra ele.

Meio que por associação, eu costumava cantar pra ele uma música que meu padrinho cantava pra mim quando eu era pequena, uma das maiores demonstrações de carinho já traduzida em palavras: Leãozinho, do Caetano Veloso.

E assim, hoje - como uma forma estranha de encarar a morte - antes que a Zíngara se fosse, eu cantei de novo Leãozinho.
Como um singelo adeus, pedi que o Athos a fizesse companhia nessa nova jornada e agradeci de todo o coração por tudo o que vivemos nos últimos 18 anos...

2 comentários:

Augusto César disse...

Simplesmente lindo ...

Acredite, tudo isso, toda a experiência, todo o seu sentimento por eles, é a mnifestação de DEUS em sua vida.

Agradeça à Ele.

Bjs.

Julio Silva disse...

Olá!

Vc responde a uma indagação comum aos seres humanos com uma lógica perfeita... Ao sermos um "todo" levamos conosco - em nosso coração -, aos amigos, seja lá de qual espécie forem. Descreveu com elegância e suavidade um belo momento, creio que único, da despedida de um ente querido.
Todos os cães tem um "céu" muito próprio, assegurando-lhes uma próxima existência com alegrias e felicidades.
Tranquilize-se; acalme ao coração.
bj