Foi entre uma risada e outra que uma amiga querida me disse essa semana ao telefone: "se alguém tivesse escutado as nossas conversas há uns vinte dias não iria acreditar no que estamos falando agora, né?".
Tive que concordar. Realmente a tempestade tinha passado.
Apenas o vento gelado e aquela garoa fina típica dos dias cinzentos de inverno continuava sobre meus ombros. O peito lamentava as boas lembranças que aos poucos estavam sendo apagadas, mas era enfim a fase da superação.
Existe coisa mais triste do que "deixar de se importar" com algo ou alguém?
Pior é que existe...
Talvez a ilusão daquilo que nunca foi. Talvez a solidão que arrebata os que se arrependem. O eco das palavras que feriram, o sal das lágrimas que caíram durante o adeus.
Talvez o vazio que se instala ao redor dos que não voltam atrás. Aquele gosto bom que seu paladar está esquecendo. O perfume que já se confunde com outros.
Talvez seja mais triste ver os olhos sem brilho dos que amam e não são correspondidos. Ou escutar o choro do violino quando atravessa as notas do piano em Spiegel im Spiegel (do estoniano Arvo Pärt).
A vida é feita de tantos momentos bons e ruins, com tantos pesos e medidas diferentes, que às vezes parece incrível como algumas coisas deixam de ter valor dia após dia, semana após semana, outono após outono...
Sempre escutei que mediante qualquer desafio ou situação nebulosa é preciso manter a fé, continuar a acreditar.
Aqui entre nós, não é uma tarefa fácil. Principalmente quando você acha que já tinha cometido erros o suficiente para que o Universo reconhecesse o seu real limite humano de padecer com coisas mundanas.
É certo que cada um tem seu caos particular. Pode ser uma questão familiar, profissional, financeira, pessoal, estética, amorosa. Cada um tem sua maneira de sofrer e de se reerguer.
Às vezes basta uma aposta correta. Uma pequena recompensa pelo seu esforço. A satisfação com o resultado de um trabalho bem feito. A visão daquela pessoa que te faz sorrir sem que você perceba. Um agradecimento. Um pedido de desculpas. A palavra amiga que conforta ou o silêncio cuidadosamente colocado num instante.
Às vezes basta uma pequena luz no fim do túnel pra que você se sinta como a bailarina que dança sozinha no centro do palco ao foco do holofote...
O problema é que fios de esperança são como teias de aranha. Podem ser o material mais resistente produzido pela sábia Natureza, mas se desfazem ao primeiro vento mais forte.
E nessas horas, pouco não basta. É preciso muito mais do aquilo tudo lá de cima para que você possa realmente acreditar em dias melhores.
Há um ponto em que é preciso que Deus lhe permita sentir a força do acalento de Seus enviados. A luz que se abre pros que são verdadeiramente merecedores. O carinho dos que - como Ele - são criadores.
São Tomé, que de acordo com a Bíblia era um dos doze discípulos de Cristo, carregava um defeito muito comum a nós mortais que não fomos "escolhidos": ele precisava ver para crer!
Sim, a tempestade se foi. E como tudo na vida passa, é chegada a hora de produzir teias que não se desfaçam ao vento. De fincar raízes naquilo que REALMENTE vale a pena.
É o momento de esquecer (mais uma vez) o que passou e sorrir mais, brincar mais, rir até o estômago doer. Cultivar o que o Universo nos oferece de melhor...
Manter a fé tal qual São Tomé.
É hora de parar de sonhar com as possibilidades...
E finalmente, vê-las acontecendo.
Seja bem-vindo!
Toda postagem tem um link de acesso à música a que me refiro, é só clicar. Assim você desfruta do texto acompanhado da trilha... Curta o momento!
sexta-feira, 8 de julho de 2011
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