Há quem diga que pra se alcançar sucesso em algum setor da vida é preciso ter - entre vários fatores - sorte.
Talvez porque eu sempre tive que me esforçar muito para conseguir o que queria - e por vezes até achar, "egoistamente", que meu caminho era mais longo que o de outras pessoas, eu não consigo me lembrar de nenhuma situação em que usei a expressão "Que sorte..." no início de uma frase.
Pelo contrário. Infelizmente, nos momentos em que a vida se apresentou como um jogo, eu fui campeã em fazer apostas erradas!
Isso porque - infelizmente também - nenhum amigo, amor ou parente está livre de nos causar uma desilusão daquelas que dizem que não matam, mas ensinam a (sobre)viver como se tivéssemos um punhal profundamente cravado no peito.
Basta criar um pequenino vínculo afetivo que seja, e entregamos à sorte nossa sentença: a passagem daquela pessoa na sua vida fará de você um vencedor ou um azarão?
É certo que só o tempo pode responder, mas às vezes tenho a impressão de que é justamente aquele amigo com quem você divide mais de um setor da sua vida que vai trair a sua confiança (e você vai descobrir isso da pior maneira possível).
É aquela pessoa que você achava que podia contar sempre, que deixará transparecer que não está tão disponível assim pra você.
E principalmente, são aqueles a quem você mais demora para entregar seus sentimentos que um dia dirão "adeus" sem apresentar um único bom motivo...
É aí então que entra o grande castigo de todos os jogadores: a teimosia. Ninguém pára enquanto não consegue ganhar.
Assim, perdemos dias, meses e até anos confiando o que temos de melhor em infelizes criaturas que parecem ter vindo ao mundo sem o mínimo de sensibilidade. Apostamos todas as nossas fichas e assistimos o crupiê recolher junto à elas os cacos que sobraram do nosso coração.
Aí atribuímos à sorte - ou à falta dela - a culpa por aquela jogada infeliz. Depois passamos dias, meses e anos na esperança de que "ela" possa finalmente aparecer... e decidimos encarar um novo giro da roleta. "Será que dessa vez vai dar certo?".
Em Por Una Cabeza, Carlos Gardel e o brasileiro Alfredo Le Pera* eternizaram a história do homem viciado em mulheres e corridas de cavalos que prefere perder sua fortuna a ser esquecido pela amada - não é à toa que o tango faz tanto sucesso... Quem poderia discordar?
Veja bem, não estou querendo dizer que a sorte ande sempre longe de mim. Não é isso...
Já fui muito feliz em jogadas de menor valor, mas também perdi muito (muito mesmo) em palpites errados, e até hoje, desconheço fato ou personagem que possa me provar que apostar todas as preciosas fichas num único objetivo realmente valha a pena.
Se alguém puder, é só se manifestar.
Por enquanto continuo achando mais fácil aprender os passos do tango do que acreditar que isso seja realmente possível...
* Versão original: http://www.youtube.com/watch?feature=youtube_gdata_player&v=EPzLcU9l8As
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sexta-feira, 29 de abril de 2011
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