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domingo, 28 de novembro de 2010

Perguntas Freqüentes

Dia desses, ao notar minha presença no mundo virtual, uma pessoa querida iniciou a seguinte conversa:

- Ainda bem que você está aí... ia mesmo te ligar... tô chorando...
- Sério? O que houve?
- Ah, sei lá... tô cansado de ficar sozinho... ninguém se interessa por mim, ninguém me dá valor...
- Ah, imagina... todo mundo gosta de vc...
- Pois é... mas quando será que vai aparecer uma pessoa legal na minha vida, que se interesse por mim do jeito que eu sou?

Na hora pensei: quantas vezes me fiz exatamente as mesmas perguntas? Quantas vezes questionei ao Universo se havia realmente uma alma perdida por aí me procurando tanto quanto eu a ela?

E foi então que me veio à cabeça: "Perguntas Freqüentes"!

Aquelas duas palavrinhas, sabe?! Que costumam estar estampadas em rótulos, bulas ou manuais quaisquer e são usadas para tirar as dúvidas que vêm à cabeça da maioria das pessoas sobre o funcionamento de determinada coisa.

Se nós humanos tivéssemos a oportunidade de ter esse "tópico" no nosso próprio manual, aposto que mesmo sendo tão diferentes em nossas essências, muitas questões se repetiriam de pessoa pra pessoa...

Adoro o jeito como o cinema faz da busca e encontro do amor verdadeiro uma coisa mágica. Seria inspirador se não fosse tão longe da realidade...
 
O problema é que na prática - e no mundo real - nunca sabemos ao certo quando conhecemos o amor de nossas vidas. Nos enganamos tanto nessa busca, que algumas vezes até deixamos de acreditar que ele possa realmente existir.
 
Eu já amei um príncipe que virou sapo quando eu mais precisei... Já chorei por quem não valia nem meia lágrima. Me encantei pelo cara cheio de defeitos odiáveis. E achei que tinha encontrado o amor da minha vida... mas ele nunca admitiu que sentia o mesmo...
 
Na peça "Os homens são de Marte e é pra lá que eu vou", a personagem de Mônica Martelli organiza casamentos e por isso acompanha passo a passo todo aquele ritual de cerimônias e festas que oficializam o encontro das almas gêmeas. Por ironia, claro, sua pergunta freqüente é a mesma de milhares de pessoas: "quando, meu Deus, chegará a minha hora?"...
 
Difícil responder, afinal o amor de nossas vidas pode bem ser aquele que já passou e deixamos escapar. Pode ser aquele que não parece, mas pode se tornar... ou ainda o que está por vir...
 
Eu mesma não tenho respostas... e se os filmes já não me inspiram tanto, incrivelmente sigo acreditando no "conselho" dado por Janis Joplin em Get it while you can: "se aparecer alguém que te dê amor e afeto, aproveite enquanto puder... não dê as costas pro amor!"
 
Vai funcionar? Não sei...
 
Taí mais uma pra minha lista de perguntas freqüentes.

domingo, 24 de outubro de 2010

Mudar é preciso! *

Há um ano e pouquinho, no feriado de 12 de outubro, tive uma das maiores decepções da minha vida. Foi a gota d'água que faltava num copo que há tempos se enchia...

Depois de chorar e gritar e me esperniar, pensei em tomar várias atitudes - tamanha era a minha revolta com o mundo, mas naquela ocasião, engoli o orgulho e decidi esperar.

Dizem que a gente colhe os frutos daquilo que plantamos e embora estivesse quase perdendo a fé nos meus ideais eu ainda acreditava que havia algo bom reservado pra mim...

Um mês depois veio outra desilusão... mais um castelinho de areia desfeito pela onda de um surfista. De novo chorei (muito), e gritei e me esperniei...

Em dezembro as coisas começaram  a desanuviar... até aos meus olhos. Como ironia do destino, resolvi  finalmente abandonar a miopia - depois de 20 anos usando óculos e lentes de contato.

Enquanto o universo começava a dar seus "trocos" a quem de direito, eu tentava seguir à risca a carinhosa mensagem que recebi de uma pessoa que amava muito: "que você saia da cirurgia enxergando a vida mais bela"...

Na verdade, confesso que demorou um tempo pra que isso acontecesse, tanto no sentido real, quanto no figurado. Mais uma vez, tentei manter a paciência e cultivei a arte de esperar.

O ano de 2009 pra mim acabava insatisfeito, inseguro e incerto. Embora meu lado otimista dissesse que tudo começava a melhorar e que em pouco tempo eu teria o que havia perdido de volta, infelizmente, meu lado realista dizia que o que parecia estar sendo resolvido era só ilusão.

Enfim, muito se passou desde aquela época ruim.

Algumas feridas se curaram. Coisas que antes me deixavam extremamente irritada, pararam de me incomodar, e pessoas de quem eu buscava a admiração e o respeito, deixaram de ter tanta importância (até porque, outras muito mais importantes apareceram na minha vida).

Com o tempo comecei a perceber também que tudo passa, que como diz a letra de Everybody hurts, do REM, "todo mundo chora e todo mundo se magoa às vezes...".

E demorei a entender uma coisa que hoje, posso afirmar: mudar é preciso!... Mesmo quando insistimos em achar que o antigo será sempre melhor que o novo, mesmo quando sentimos uma profunda saudade daquilo que já esteve em nossas mãos. Mesmo quando a angústia de ser assombrada pelos fantasmas do passado insiste em nos perseguir...

Ainda assim, mudar é preciso! Nem que seja pra experimentar o novo, para ver as coisas de uma forma diferente.

Mudanças na minha vida fizeram e têm feito grandes efeitos nos últimos meses. Ainda não sei o que vou escrever daqui a um tempo, quando 2010 acabar.

Talvez tenha a certeza de que o foi já não importa mais. Talvez, eu mude de ideia...

O que importa mesmo é saber que não fiquei esperando o "um dia" chegar. Que não esperei a oportunidade vendo a vida passar.

Se vou encontrar a felicidade suficiente pra me sentir completa, não sei. Mas se isso ainda não acontecer vou continuar correndo atrás dela!

É... algumas coisas não mudam jamais...

* Ao meu querido amigo Thiago Ariosi - que está de mudança - meus sinceros desejos de que cada nova descoberta seja de grande felicidade...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Metamorfose

Nunca tive vergonha de expor meus sentimentos - quem acompanha tudo o que escrevo aqui sabe bem disso. Sou sincera, intensa, passional... e constantemente pago caro por isso.

É certo que algumas coisas não mudam jamais. Por outro lado, é curioso como em determinados períodos da vida passamos por grandes mudanças de comportamento, realidade, gostos e opiniões. É quase como uma metamorfose, algo que - se bem feito - te levará a ser uma pessoa melhor.

Faz quase três meses que embarquei numa nova jornada. Emprego novo, cidade diferente, casa nova, pessoas novas... O impacto inicial foi apavorante: "por que tão longe, Meu Deus???"... "será que estou fazendo a coisa certa?"...

Mas dizem que Deus não fecha uma porta sem abrir uma janela e agora posso sinceramente dizer que minha janela tem uma bela vista: um jardim recheado de flores e borboletas, cenários e personagens que me conquistam a cada dia.

Nesse tempo em que estive me adaptando à minha nova realidade aprendi muita coisa.

Entendi que para agarrar um grande desafio profissional vale a pena viajar quase 600 Km - principalmente porque mantê-lo nas mãos é uma luta diária e profundamente enriquecedora.

Mais do que nunca passei a respeitar o destino e suas surpreendentes ironias - como duvidar dele quando a probabilidade de acontecer uma coisa é de uma em catorze e ela acontece?!

Aprendi que estar longe não significa ter que esquecer. Basta uma simples conversa por telefone pra que a gente volte a acreditar que "um dia, quem sabe" o passado possa se tornar presente novamente... Vai saber? O importante é não descartar as possibilidades, não é mesmo?

Aprendi também que é possível estar rodeada de pessoas semi-desconhecidas e se sentir extremamente acolhida e querida.

Apesar disso, descobri também que muitas vezes eu me basto. Posso preparar um almoço caprichado só pra mim, sair sozinha, curtir minha solidão, ir ao cinema sem companhia (coisa que sempre tive o maior preconceito de fazer). Posso me dar ao luxo de separar um dinheiro pra me dar um presente simplesmente porque trabalho bastante todo mês e acho que eu mereço!

Aprendi coisas bobas também, como o prazer de ser dona de casa (nunca pensei que fosse gostar mais de comprar um jogo de copos do que um par de sapatos - rs)...

Mesmo assim, me vejo em constante transformação.

Ainda estou aprendendo a dar tempo ao tempo. A aguardar... A comemorar pequenas conquistas, a enxergar coisas boas quando tudo parece "mais ou menos ruim", e sei que ao final desse período de incubação vou me sentir livre e independente como uma daquelas belas borboletas que colorem meus dias aqui.

Sabe... ontem, durante um delicioso jantar regado a pizza e vinho em plena segunda-feira, cercada de novos e divertidos amigos, ouvi uma curiosa divagação.

Sem qualquer embasamento científico ou místico que fosse, uma pessoa querida comentou que já chegávamos ao meio do ano e por isso, tudo que se fizesse em primeiro de Junho viria em abundância pelos próximos seis meses.

Passei um dia normal, como outro qualquer e enquanto aquele pensamento do meu amigo ainda martelava na minha cabeça, veio a surpresa.

À noite, entre o gélido vento que vinha da janela, belíssimas notas musicais invadiram minha nova casa. Era Tristesse (Estudo nº 3, Opus 10 em Mi Maior) de Chopin, tocada pelo vizinho de baixo.

Foi então que uma incrível paz preencheu meus ouvidos e meu coração... Era isso! Quem precisa de mais?

Se meu amigo estiver realmente certo - e espero que esteja - meu primeiro de Junho foi marcado por uma grande paz de espírito, exatamente o que eu preciso e desejo para passar bem os próximos seis meses que vem por aí.

O resto?

Ah... o resto a gente corre atrás!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

De passagem

O que seria da vida se não fossem as incríveis ironias?

A bailarina já se acostumava com aquela ausência - embora seu coração ainda batesse forte por todas emoções que ficaram pra trás.

É uma saudade estranha... uma falta de tudo o que foi e também do que poderia ter sido... Uma melancolia instalada, uma melodia de notas repetidas como January Rain, do David Gray.

Seria tão mais fácil se ao invés de um coelho pudessémos tirar da cartola um mapa com ricas informações sobre os caminhos que devemos percorrer, não é mesmo?

Pensando bem, não! Que diversão teriam os deuses se fosse dessa maneira? Nós humanos ficaríamos sem graça, sem atrativos pra quem nos olha de cima. Melhor desse jeito... Assim, tolamente podemos nos gabar de sermos "artistas do entretenimento".

Deixar o circo foi uma decisão quase imposta, alheia à sua vontade e profundamente dolorosa.

Mas como nem tudo na vida são espinhos, devemos agradecer a perfeição de nossa Criação: não sangramos para sempre. Nossas feridas se curam... mesmo que demore muito tempo.

Ainda assim, ansiosos que somos, procuramos remédios para adiantar esse processo. Às vezes funciona, às vezes dá efeito colateral (rs)...

As lembranças do circo não tinham se desfeito. Bastava fechar os olhos para rever cenas e cenas de um belo espetáculo que chegou ao seu triste fim.

Ao abrir os olhos novamente, a imagem de um horizonte sem aquela grande lona parecia cravar uma cratera em seu peito.

Talvez fosse melhor mudar de profissão, abandonar a vida de artista, desistir daqueles antigos sonhos que ainda a moviam...

Mas antes que essa estúpida angústia se prolongasse mais, eis que surge o presente divino. Ele entra em ação!

Veja bem, mesmo perplexo com os fatos, quando o destino resolve pregar suas peças agindo como um irreverente palhaço o jeito é aceitar seu "número".

Foi numa manhã que ela avistou da janela. Uma nova lona se ergueu em sua nova cidade. Estamos bem longe da metrópole e o interior tem dessas coisas: é roteiro certo dos circos.

Não conseguiu segurar o sorriso de estar ali, frente à tamanha ironia e por isso, num dia bastante despretensioso, lá foi a bailarina apreciar um novo espetáculo.

Embora os papéis sejam os mesmos, cada personagem tem sua maneira mágica de encantar. E é justamente isso que torna a vida tão especial: temos a capacidade de mudar o foco, apreciar o novo, enxergar o belo, escutar coisas diferentes que ainda assim, agradam aos nossos ouvidos... Talvez basta gritar bem alto para que os deuses escutem nossos pedidos!

Dizem que o futuro a Deus pertence, mas também dizem que nosso destino a gente que faz...

Ainda não sei ao certo em que teoria acreditar e embora as lembranças do passado continuem parecendo indicativos de um bom futuro, o jeito é aceitar o que temos para o momento.

A moral da história é que circos vem e vão. E o que importa mesmo é aproveitar intensamente cada minuto da alegria que ele nos oferece...

Afinal, não estamos todos aqui só de passagem?

terça-feira, 20 de abril de 2010

Hoje tem marmelada?

Tem sim senhor!

Lona erguida, artistas preparados, bilheteiro a postos para receber o público. No universo circense cada um exerce um papel e todos tem como obrigação promover o encantamento...

Eu era apenas a bailarina de coração partido que suspirava pelo mágico quando ele chegou. Altivo, experiente, difícil de se apegar...

O jeito rude e meio insensível se justificava pelo ofício: era o domador, aquele responsável por encher os olhos da plateia ao dominar a fera.

Difícil explicar como tudo aconteceu. Talvez tenham sido os tantos "adeus" que demos pelo caminho. O circo está em constante transformação: muda e se adapta de acordo com os destinos que percorre.

Mas uma coisa é certa: independentemente de qualquer mudança no trajeto, o circo é mágico... nos faz rir de alegria e chorar de melancolia, exatamente como o amor...

E se os dois tem tanto em comum, sendo mágico o amor também tem seu quê de ilusionista... nos prega peças e nos faz ver coisas que não são verdadeiras.

Ainda assim, de um jeito totalmente inesperado caímos em sua teia... e fomos muito felizes entrelaçados a ela!

O problema é que enquanto sob o efeito do divino amor, sofremos por sermos humanos e imperfeitos... ficamos à mercê de nossos erros (e como erramos, não foi?)...

Com o passar dos meses passamos a enxergar além do que os olhos apaixonados podem ver. Percebemos nossas fragilidades, as dúvidas e incertezas que nos fazem parar no tempo, ao invés de avançar.

O tempo - muitas vezes cruel - me mostrou que a fera do domador nada mais era que seu próprio ego, prestes a engoli-lo ao mínimo descuido.

Assim, minhas coreografias pararam de se acertar com as suas... Estávamos sempre em tempos diferentes...

Errei, erramos...

Mas tentei! De bailarina, fui trapezista. Me esforcei bastante para me equilibrar sobre os nossos defeitos. Aprendi mágica pra tentar encantar a cada anoitecer e cada amanhecer. Engoli sapos afiados como espadas como tinha que ser - e não me arrependo das vezes que tive que ceder.

Só um papel não me coube bem...

Existe uma ária chamada Vesti la Giubba, da ópera Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo, que diz "ria, palhaço, do seu amor despedaçado, ria da dor que te envenena o coração".

Embora muitas vezes eu esteja rindo quando quero chorar, sinto muito, não tenho vocação para palhaço. E isso, você deveria saber...

Convenhamos... não precisava acabar assim, mas a sua vontade é sempre a que prevalece e por isso, depois dessa última parada não sigo com a trupe.

A lona é erguida, os personagens vão se preparar para uma nova estreia... A fera volta pra jaula e o domador - como sempre - segue seu caminho sem fazer questão, nem pedir que alguém o acompanhe.

Para o público e aqueles que viveram sua magia, o circo deixa lembranças. Marcas no coração e belas fotos que um dia vão amarelar nos monóculos.

Boa viagem! O show tem que continuar...

No final eu sou apenas mais uma. A bailarina que ficou pra trás olhando ele partir...

terça-feira, 9 de março de 2010

Eu vou!

"Há um tempo em que é preciso abandonar velhos mapas...
Que não nos levam a lugar algum...
E esquecer os caminhos errados que já percorremos...
É o tempo de traçar uma rota e alcançar o destino.
E se não ousarmos fazê-lo,
Teremos ficado, pra sempre,
Às margens de onde gostaríamos de estar..."

Sim, eu tive a audácia de parafrasear Fernando Pessoa e pra ser sincera, gostei bastante desse meu poeminha...

Escrevi numa daquelas tardes cheias de dúvidas e vendo agora parece que previ o que estava por vir.

Sabe... a vida é mesmo uma caixinha de surpresas!

A pessoa demora um tempão pra descobrir aquilo que realmente quer pra ela. Afirma categoricamente que "nem cavalos selvagens" irão afastá-la de seus objetivos e quando menos se espera, vem o destino e muda - literalmente - tudo de lugar! Aí de um dia pro outro você realiza um sonho... e deixa outro 450 Km mais distante...

Confuso? Muito!!!

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas e acho que estou prestes a provar essa teoria...

Talvez às vezes seja realmente necessário pegar um caminho alternativo para chegar à meta. Talvez aquilo que desejamos muito pra agora seja pra daqui a pouco, pra quando o tempo tiver curado todas as feridas. Talvez a distância entre dois pontos seja um problema, talvez não.

De qualquer maneira, estou embarcando em mais uma importante viagem e essas respostas terei que descobrir em breve.

Em Breakaway, a cantora Kelly Clarkson diz: "abrirei minhas asas e aprenderei a voar, farei o que for preciso pra tocar o céu... vou correr o risco, pegar uma chance, fazer uma mudança e me libertar" - ouvi no rádio essa tarde e depois disso foi impossível achar uma trilha mais apropriada pra esse meu momento...

Sendo assim... eu vou!

Deixo o porto seguro da família, a alegria de ser sempre bem recebida pelos meus cachorros, o travesseiro que já enxugou um milhão de lágrimas, uma dúzia de amigos sinceros e um grande amor.

Levo comigo o aprendizado profissional, a incrível maturidade que conquistei nos últimos meses, ótimas lembranças, boas risadas, doces olhares, lindos sorrisos e muitas, muitas saudades daqueles que amo...

Quando volto?

Pergunte ao destino! Com certeza ele sabe melhor do que eu...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Quanto vale um sonho?

Sempre fui meio passiva na minha vida. Acho que até demais!

Sempre deixei os acontecimentos seguirem seu curso natural e, por mais lentamente que isso acontecesse, eu também seguia "achando" que atingiria meu objetivo.

Acontece que às vezes esse processo demora tanto, mas tanto, que o fato de não chegar à meta também acabava perdendo importância e - às vezes com pouco, às vezes com muito sofrimento - eu simplesmente concluía que algo melhor ainda estava por vir... que como todo mundo diz, "não era pra ser"...

Mas então os anos passam e mesmo gozando de boa saúde física, em determinado momento a gente começa a se perguntar coisas estúpidas como: e se eu morrer amanhã? E se o mundo acabar?... Ficarei satisfeita com tudo o que vivi até aqui?

A resposta, obviamente, é não. E obviamente também, isso nos leva a pensar o quanto é importante investir nos próprios sonhos.

Quero dizer, como e quando saber que eles continuam valendo a pena? Que a recompensa do final vai ser grandiosa o suficiente para apagar todas as dificuldades percorridas pra chegar até ali?

Porque a verdade é que enquanto buscamos realizar nossos sonhos a gente se decepciona, se decepciona muito e chora... Chora com a intensidade dessas chuvas de verão que vemos na TV... E depois o que sobra é um coração desolado, inundado de nostalgia e desilusão...

Pensando em tudo isso percebo agora que eu nunca quis alguma coisa DE VERDADE na minha vida.

Sempre me desfiz das desilusões, daquilo que não deu certo, confiando na sorte da próxima rodada, na cartada final que ainda chegaria em minhas mãos... E só agora me dei conta do quanto isso é triste.
É melancólico como Wild Horses, dos Rolling Stones (nessa versão lindamente interpretada por The Sundays), que o próprio Mick Jagger definiu como "uma triste canção de amor".

Convenhamos: não investir naquela jogada como se fosse a última, não apostar todas as fichas como se aquela fosse a única chance de alcançar a verdadeira felicidade chega a ser perda de tempo! Pena ser tão difícil perceber isso quando estamos dentro da situação, envoltos num casulo de dúvidas e incertezas.

O pensador alemão Goethe diz que "quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor".

Faço disso minha nova aposta e por isso, se eu nunca tive certeza do que eu realmente queria pra mim em todos os aspectos da minha vida, depois de tanto apanhar e me desiludir e chorar, posso finalmente dizer que sei com o que sonho. E que essas coisas são palpáveis... tem nome, endereço, cheiro, gosto... e, embora ainda estejam longe das vistas, podem sim ser alcançadas!

Se manter esses sonhos e lutar por eles vai valer a pena, ainda não posso dizer, mas contarei em detalhes quando esse dia chegar...

Por hora só posso garantir uma coisa: nem cavalos selvagens poderão me afastar daquilo que quero pra mim.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Aquela que não tem tradução

Acredito que o primeiro texto do ano deveria ser especial, cheio de bons desejos, planos traçados, metas prestes a atingir...

Porém, com a cabeça que mais parece um balaio e o coração que bate no ritmo de um turbilhão, fica difícil achar palavras para escrever coisas boas.

Sim, um novo ano começa e finalmente tenho a impressão de que algumas coisas estão começando a se encaminhar.

Por outro lado existem outras - de suma importância - que só andaram pra trás. E mesmo querendo com toda força mudar o rumo que essa história segue, chego ao ponto de perceber que realmente não há nada a fazer.

Infelizmente vejo que o tempo passa... alguns sentimentos não...

Assim, começo 2010 falando daquilo que mais sinto atualmente.

Celebro hoje a data que muita gente nem sabe que existe: o Dia da Saudade.

No dicionário, saudade é uma "recordação nostálgica e suave de pessoas ou coisas distantes, ou de coisas passadas".

É uma palavra que não tem tradução para outros idiomas, apenas referências pelo mundo...

É te extraño em espanhol, I miss you em inglês, j'ai regret em francês, ich vermisse dish em alemão.

Para Pablo Neruda a saudade é "o inferno dos que perderam, a dor dos que ficaram para trás, o gosto de morte na boca dos que continuam".

Já Guimarães Rosa diz que "saudade é ser, depois de ter" - como discordar???

Eu penso que sentir saudades é como comer o último bombom da caixa ganha de presente e querer que o doce dure pra sempre na boca, que o sabor nunca mais acabe...

É querer que o passado se torne novamente presente, que as boas lembranças marcadas na memória voltem a ser cotidiano...

É querer dizer, como em Get Here, da Oleta Adams, "se eu tiversse o poder certamente você estaria mais perto... eu não me importo como você vai vir até aqui, mas venha quando você puder"...

Na verdade eu poderia dizer mil coisas a respeito da saudade, mas nenhuma seria intensa o suficiente para explicá-la, nem pra traduzir em palavras o que é senti-la.

De qualquer maneira, achei um texto na internet atribuído a Miguel Falabella que, sem muita poesia, comemora bem esse estado de solidão e ignorância ao dizer que saudade é "não saber"...

Concordo plenamente! E "sem saber" o que o futuro me reserva, apenas compartilho com vocês as sábias palavras do escritor:

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada; se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial; se ela aprendeu a estacionar entre dois carros; se ele continua preferindo cerveja de garrafa; se ela continua preferindo Margarita; se ela continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados; se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor; se ela continua cantando tão bem; se ele continua detestando o Mc Donald's.
Se ele continua amando; se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...