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Toda postagem tem um link de acesso à música a que me refiro, é só clicar. Assim você desfruta do texto acompanhado da trilha... Curta o momento!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Desejo de Ano-Novo

“Para ter algo que nunca teve, é preciso fazer algo que nunca fez”
Quando Deus nos tira alguma coisa Ele não está nos punindo... Simplesmente está abrindo nossas mãos para que tenhamos como receber algo melhor.

Chega uma hora na vida em que a gente descobre:
quem interessa,
quem nunca interessou,
quem não interessa mais...
E quem ainda vai interessar.

Portanto, não se preocupe com quem já fez parte do seu passado... Há um motivo para essas pessoas não estarem em seu futuro.

Como diria Edith Piaf em Non, Je Ne Regrette Rien, não se arrependa pelo que passou... 
 
Recomece do zero, construa um novo castelo, escreva uma nova história... O futuro começa agora!
 
 

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A pessoa certa

"De repente, meus olhos encontraram os seus... Foi como se o resto do mundo deixasse de ter importância e tudo ao redor perdesse cor e movimento. Ao sentir tua pele na minha, percebi... não havia mais como fugir... Tomada por um sopro de vida que inflou meu peito e rapidamente aqueceu todo o meu corpo, apenas sorri... A partir daquele momento não seríamos mais os mesmos. De repente... como num daqueles esperados raros momentos, tudo aquilo que sempre soou incompreensível pra nós, simplesmente... começou a fazer sentido".

Está escrito! Lá nos meus mais íntimos registros... Foi assim que sempre sonhei, que esperava que acontecesse... Com um belo roteiro que ficaria bem até nas telas do cinema...

Quando se tenta escrever sobre uma história inacabada, faltam palavras pra compor o texto, até a ficção fica difícil de terminar... A esperança de que as coisas voltem ao ponto em que estava tudo bem parece uma vela de chama fraca prestes a apagar. Sobra pessimismo e a saudade que corrói até o mais duro dos pensamentos ganha mais força cada vez que se respira...

Já quando se tenta viver uma boa história, falta roteiro... Tudo aquilo que a gente tinha imaginado dando super certo cai por terra... perdemos o rumo dos fatos e o domínio sobre os personagens. Cometemos um erro atrás do outro...

E se "um homem sem amor, é um morto que caminha", para ter a certeza de ser feliz ao lado de alguém procuramos o quase-perfeito... saudável, polido, educado, cheiroso, de pegada forte... o que estará sempre pronto a dar e receber todo o amor que houver nesse mundo.

Esperamos tanto por esse Príncipe Encantado que chegará num cavalo branco sorridente e seguro de si como uma fortaleza inabalável, que somos capazes de enfrentar dezenas de sapos desencantados com a bravura típica de uma heroína das grandes histórias.

Procuramos tanto... e às vezes, encontramos um Shrek... O príncipe moderno, que direto do pântano, vem com um pacote de desafios completo: um pouco de grosseria, instabilidade emocional, aversão a compromissos e - sem querer misturar as bolas - uma pitada de Síndrome de Peter Pan.

E aí, vamos ser realistas... com todo aquele jeitão de ogro fica difícil acreditar que aquele possa ser o cara ideal, não é mesmo?

Mas acontece que, sem roteiro pré-estabelecido, a vida toma rumos inesperados e sem nos dar conta, acabamos nos encantando com esse ser tão diferente.

Com o tempo, delicadezas aparecem no dia a dia e o infinito azul  de seus olhos passa a te parecer mais incrível e cheio de possibilidades do que o Atlântico.

A voz, o cheiro e a pele daquele "príncipe" se tornam inconfundíveis, incomparáveis e necessários.

Aos poucos, você vê que apesar da aparência rude e da insistente negação, os ogros também amam e você percebe que o cavalo branco não faz falta, mas que não sentir a mão daquela criatura no seu cabelo, nem um afago antes de dormir, faz seus dias parecerem tristes e nublados.

E assim sem mais nem menos, você passa a querer que a sua história tenha um importante parágrafo, com direito à This year´s love, do David Gray, na trilha sonora.

E se você finalmente consegue vê-lo como um príncipe, a reciprocidade passa a ser um novo desafio...

Ele te veria também como a heroína da história? A princesa forte, cheia de qualidades e defeitos que está disposta a enfrentar monstros do lago e dragões alados para concretizar seu sonho de amor, para que a sua história possa enfim terminar com o esperado "e foram felizes para sempre"?

Bastaria o amor para que ele te enxergasse assim?

Se não, o que então seria preciso? Uma enorme seta luminosa apontando "esta É a pessoa certa", resolveria a questão?

Certa de que as belas histórias de Walt Disney me trariam conforto, tentei ser mais moderna. Procurei respostas em outras fontes e - graças à internet - encontrei um texto sobre a "pessoa errada".

Ele diz que a pessoa certa chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, o que não significa satisfação... Por outro lado, "a pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar que é para na hora que vocês se encontrarem a entrega seja muito mais verdadeira... vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas... vai tirar seu sono, mas vai te dar em troca uma inesquecível noite de amor. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar toda a vida esperando você".

E se isso for mesmo verdade, outro texto de autor desconhecido vem a complementar meus pensamentos: "ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário, os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado em fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca".

Assim, chego à conclusão que realmente não existe a "pessoa certa".

Existe aquela pessoa que te deixa louca de raiva por ser cabeça-dura demais, mas te amolece quando diz, cheia de ternura, o quanto você é linda... Aquela que te tira do chão nos ótimos momentos e te coloca no eixo quando você precisa de estabilidade. A que é cheia de defeitos detestáveis, mas que faz você acreditar que a vida real pode sim ter um pouco de magia, de encontros inesperados e de amores que, incrivelmente, surgem de despedidas.

Existe um alguém capaz de olhar bem firme nos seus olhos e dizer "eu sou a pessoa certa pra você. É com você, e só você, que eu quero passar o resto da minha vida".

E pra que isso saia dos contos de fadas e se torne realidade só é preciso enfrentar um desafio (talvez pior do que o dragão): encarar os próprios medos e admitir que o que existe não é a pessoa, mas o "amor ideal"... basta acreditar com toda convicção que ele seja possível e ele será.

Se minha história real ainda não teve um ponto final, fazendo minhas as palavras do autor anônimo posso pelo menos, encerrar este texto...

"Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó... Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é"!


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Fábula sobre a vida na selva

Na natureza é assim: não importa o quão manso pareça o leão, ele será sempre o rei dos animais, aquele que manda e desmanda no grupo como bem entender.

Pode ser penoso para aqueles que têm que conviver com isso, já que todos são muito diferentes... Cada um tem uma qualidade especial. Há aqueles que têm mais força, agilidade, inteligência ou senso para trabalhar em equipe... Alguns se destacam por sua importância em relação aos demais, outros pelo tamanho do bico.

Se todos estão sob o comando de um "rei", sobreviver na selva é quase como ter que matar um leão por dia - afinal, a realidade ali pode ser bem cruel: se dão bem os mais fortes e melhor relacionados, enquanto os mais fracos têm que dar duro para não serem devorados...

Ao passo que plantas e frutos crescem quase que imperceptivelmente, no cotidiano do mundo animal é um corre corre danado, cobra querendo engolir cobra... Exatamente como o ritmo acelerado da Dança do Sabre, do armeno Aram Khachaturian.

Mas apesar de selvagem, a floresta também é um lugar de beleza e por vezes, calmaria.... Dependendo da época, muitos animais entram num estágio de hibernação. Ficam tranquilos, tranquilos... pelo menos até a próxima temporada de tormentas.

Há espécies que parecem competir para se elegerem as mais belas - embora formosas borboletas às vezes se esqueçam que um dia já foram desengonçadas lagartas.

Além do mais, nem tudo é o que parece ser ... haja visto que plantas carnívoras atraem suas vítimas com uma postura plácida e confiável e jacarés na água ficam à espreita somente aguardando uma boa oportunidade de dar o bote.

Como qualquer outro lugar, a selva também poderia ser diferente. Se fosse ideal para todos, teria mais macaquinhos que não ouvem, não falam e não vêem, do que hienas que estão sempre a rir para os demais - seja por compartilhar suas alegrias ou por estarem se deliciando com as intempéries do dia a dia.

Com tantas as dificuldades de convivência, é bom saber que nesse meio existem também beija-flores... aqueles que estão sempre dispostos a ajudar seus semelhantes e, como diz outra fábula, fazem sua parte durante o incêndio.

Pode ser que gestos nobres como carregar gota a gota a água que parece ter o poder salvar toda a floresta não signifique nada para alguns animais... muito menos para o todo poderoso leão...

Mas no momento difícil, uma pequena ajuda dos beija-flores pode ganhar a dimensão de um elefante para quem está ao seu redor como o aflito colibri, que por pouco não se queima junto aos outros na fogueira.

Moral da história: se o incêndio não apaga, não tem problema! No final dá tudo certo e quem se salva ainda pode procurar outra floresta...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Resposta imediata (ou O bambu chinês)

Coisas da vida!

Eu mal tinha acabado de escrever o último texto desse blog quando recebi este de uma colega do trabalho. Uma resposta perfeita e imediata aos meus injuriados pensamentos. Não sei a autoria, mas vou reproduzir mesmo assim porque vale a pena ser compartilhado:

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, nada se vê por aproximadamente cinco anos, exceto o lento desabrochar de um diminuto broto, a partir do bulbo. Durante cinco anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas... uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída. Então, ao final do quinto ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.

Covey escreveu: "muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento e, às vezes, não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu quinto ano chegará e, com ele, virão crescimento e mudanças que você jamais esperava”.

O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos, de nossos sonhos. Apesar de toda a sua altura, o bambu chinês é capaz de curvar-se até o chão diante de um vendaval. No entanto, tão logo cesse o vento, ele se reergue e volta a ser majestoso como sempre.
Depois dos rompimentos feitos aos 25, plantei uma nova semente. Por coincidência, seu quinto ano se completa daqui a cinco meses e esse é o prazo que dei a mim mesma para ver meu broto de bambu aparecer e virar uma planta frondosa.

Como diz a a letra de Coisas da Vida, da Rita Lee, "depois da estrada começa uma grande avenida... no fim da avenida, existe uma chance, uma sorte, uma nova saída".

É isso! Nesse momento abandono todas as frustrações e decepções que tive no passado. Repararei os erros e lutarei pelo que considero realmente importante.

Vou correr atrás dos meus sonhos e provar a teoria de Covey: quando o quinto ano chegar, terei o crescimento e as mudanças que sempre esperei...

Vou logo, porque a vida passa rápido e eu ainda tenho muito o que conquistar...

Minha corrida começa agora!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Tempos de crise

Há não muito tempo, depois de concluir um trabalho bem sucedido, um colega me perguntou se alguém tinha feito algum comentário sobre ele. Respondi que não e imediatamente ele lançou: “nossa, crise mesmo... estão economizando até nos elogios”...

É verdade... muito se fala em crise e é inegável que a falta de dinheiro bate à nossa porta cada vez com mais freqüência. Mas enquanto muitos estão ocupados em resolver problemas financeiros, pouco se percebe que esse não é o único tipo de crise que assola o ser humano moderno.

Há crises que independem de altos e baixos de moedas estrangeiras... São as que só quem sente pode realmente traçar a dimensão do problema.

Não sou psicóloga e nada entendo do assunto, mas quando eu estava prestes a completar 25 anos de idade, entrei numa dessas temíveis crises existenciais.

Rompi com tudo que me parecia confortável e digno de permanecer na minha vida por pelo menos mais 25 anos. Perdi os rumos traçados, deixei de acreditar em promessas, me desiludi com metas que se mostraram impossíveis de atingir... vi todo o meu castelo de areia se desfazer numa única onda.

Sobrevivi, mas achei que traçar novos planos poderia ser decepcionante demais caso não os atingisse e por isso, fui deixando o barco correr.

Agora, quatro anos e meio se passaram. Algumas metas antigas se transformaram um pouco, mas – feliz ou infelizmente – acabaram não se extinguindo completamente.

Isso quer dizer que ainda desejo reconhecimento pelo meu trabalho, apoio e compreensão de pessoas queridas, amigos sempre fiéis, um casamento feliz e duradouro (percebi que por mais piegas que certos sonhos possam parecer, não consigo desistir deles).

Tentando reencontrar o eixo e formando – muito lentamente – uma nova construção, fui levando minha vida até que, às portas dos 30, me vejo novamente cheia de dilemas.

Sempre imaginei que ao chegar a esta idade, tudo seria muito diferente. A independência financeira seria realidade há tempos e a felicidade a dois poderia estar ganhando um "integrantezinho". Mas as coisas nunca são como a gente imagina...

Os dias passam, se transformam em semanas e quando nos damos conta, passamos de um feriado religioso a outro num piscar de olhos. E o cotidiano vai assim como diz a letra de No surprises, do Radiohead, "sem alardes e sem surpresas"...

Nisso passamos a achar que somos velhos demais para assumir certos riscos e novos demais pra nos sentirmos tão entediados.

Ficamos a mercê de nossas constantes incertezas e da falta de acontecimentos realmente significativos. Nos decepcionamos com pessoas que parecem não entender nossas angústias, nem aceitar nossos anseios.

Porém, nada nessa vida é pra sempre e em meio a todos esses dilemas, às vezes basta um cafuné de mãe para fazer da noite ruim, um sono tranquilo.

Ou ter alguém que nos ponha no colo enquanto as lágrimas correm sem parar, para nos sentirmos a pessoa mais protegida e amada do mundo.

Às vezes basta lembrar que, assim como na economia mundial, tempos de crise vêm e vão.

E se eu ainda não encontrei a melhor forma de encará-los, me resta esperar que eles durem somente o mínimo necessário para tornar meu futuro melhor.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Quando o amor acontece *

* Título em português de um filme açucarado com Sandra Bullock e Harry Connick Jr. , que tem na trilha sonora a música When you love someone, do Briam Adams, minha sugestão para acompanhar esse texto...

Vivemos intensamente à sua procura...

Nos desgastamos, fazemos apostas erradas, damos a cara à tapa para chegar o mais próximo possível dele e quando queremos muito, parece que o universo inteiro conspira contra esse encontro.

Não sou uma pessoa de muitas experiências e estou bem longe de entender do assunto. Tudo que sei, aprendi nessas tentativas de alcançá-lo.

Algumas foram válidas, outras eu preferia ter o poder de apagar da lembrança... adiantaria alguma coisa? Pensando bem, acho que não...

Um dos meus filmes preferidos é "Brilho eterno de uma mente sem lembranças". No enredo fictício, um casal que não consegue superar a dor da separação recorre a um futurista processo científico que literalmente "apaga" do cérebro toda e qualquer memória que tenha tido um final infeliz.

Acontece que no filme - assim como na vida - o tiro sai pela culatra. Apagar uma memória não impede que o destino torne a traçar o mesmo caminho para os protagonistas e assim, novamente sem se conhecer, eles voltam a se encontrar e recomeçam sua história, que terá dessa vez - e aqui vai o meu otimismo - um desfecho feliz.

Olhando desse ângulo, não seria mesmo interessante abrir mão das lembranças... Dizem que quem vive de passado é museu, mas se não fosse por ele, não aprenderíamos a valorizar nosso presente, não é? Afinal, somos feitos de sonhos e ilusões e também de erros e decepções.

Lembranças boas ficam carinhosamente guardadas na memória e lembranças ruins acabam servindo para inspirar poemas, textos e canções de dor de cotovelo...

No mais, o que amanhã fará parte das nossas boas lembranças começa a ser feito hoje, como um fio que tecemos aos poucos até virar uma trama prontinha pra nos aquecer.

Entre esses fios estão pequenos detalhes... um comentário bobo de alguém que não sabe direito como dizer que sente nossa falta, um telefonema no meio da madrugada... Um pedido de desculpas sincero ou uma simples frase de enorme poder: "relaxa, tá tudo bem...".

Mas voltemos ao assunto principal, a busca.

Muitas vezes ao empenhar grande parte de nossa energia nessa procura, somos surpreendidos... acabamos achando que as tentativas, às vezes, são em vão...

Temos a certeza de que é pra sempre, que encontramos o pote de ouro no fim do arco-íris e... tudo não passa de uma ilusão.

Por outro lado, às vezes passamos pelo tesouro sem perceber... não damos o devido valor, achamos falso o brilhante e o enxergamos com um nebuloso cristalino... sabotamos e subestimamos nossa descoberta.

E sem mais nem menos, eis que surge a ironia (lá vou eu falar dela de novo): quando menos desejamos que ele se torne verdade, quando todas as infelizes coincidências se juntam contra nós e insistimos com toda a força em não acreditar que o amor possa realmente ser tudo aquilo que sonhamos...

Aí, meu amigo, não adianta fugir... ele simplesmente... acontece.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Chuva, brisa e vento

Como seria a vida se tivéssemos ao nosso redor apenas o ar que nos cerca? Se fôssemos envoltos somente por aura, sentimento, chuva, brisa e vento?

Não seria ótimo?

É certo que a aura dos apaixonados - aquela que deixa nosso prisma cor-de-rosa - causa mais efeitos positivos do que qualquer tônico que possa ser inventado... e que a sensação de saciedade de uma vitória parece - felizmente - nunca chegar...

Mas enquanto mortais, tão cheios de conflitos e defeitos, acabamos tecendo nossos próprios casulos incômodos, nos fechando em dúvidas, desconfianças e incertezas que tornam a vida duramente infeliz.

E quando as dúvidas pairam em nossa atmosfera nos tornamos pessoas frágeis, imaturas e erroneamente enganadas sobre nossas verdades... Viramos escravos do nosso amor-próprio, nos inflamamos de raiva, nos amargamos de ciúmes...

Como resultado temos um acúmulo de mágoas que corroem o estômago e fabricam mais lágrimas do que pedidos de desculpas.

Pela recente memória televisiva, é impossível não citar o enigmático Dom Casmurro, personagem de Machado de Assis que, dominado pelo ciúmes e pelas dúvidas que nunca se confirmaram, passou a vida cercado pelas lembranças distantes do tempo em que foi feliz...

Abdicou do amor e da longa caminhada que percorreu até ele em prol daquilo que acreditava ser mais valioso - o que era mesmo???

Capitu, que na obra de Luiz Fernando Carvalho ganhou como trilha a belíssima Elephant Gun, do grupo Beirut, passou a viver reclusa: sem amor e muito provavelmente, sem culpa pelo fim que Casmurro lhe destinou...

Há um ditado que diz que o ciumento passa a vida a procurar um segredo que irá destruir a sua felicidade. Outro, avisa: "o ciúme é o germe do ódio no amor; mata-o às vezes, fere-o sempre".

Pra mim o amor - de tão sagrado - vale todos os esforços, todas as adaptações, todas as mudanças de comportamento e sacrifícios que me permitem senti-lo.

Por ser tão raro e difícil de encontrar, deve ser tratado com o máximo de prioridade e jamais ser desperdiçado... Deve ser visto com a mesma grandeza que transforma nosso ser.

É por isso que, se eu pudesse, perguntaria: valeu a pena, Dom Casmurro?

Seus motivos eram fortes o suficiente para que você jogasse pro alto aquilo que tanto buscava? Suas dúvidas cruéis lhe confortaram o bastante para suprir a falta que o amor lhe fez, para preencher a lacuna que a pessoa que te amava lhe deixou?

Machado de Assis escreveu sua história e assim como ele, também escrevemos a nossa...

E se o mesmo destino que causa encontros casuais, paixões surpreendentes e doces confusões em mensagens telefônicas ajudasse a reescrever meus últimos parágrafos, traria o que realmente quero pro meu casulo: chuva, brisa, vento... e aquela paz de espírito que só o amor me dá...

PS: Ainda que tarde, um Feliz 2009 a todos!