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sábado, 29 de março de 2008

Da água para o vinho

Nada como um dia após o outro...
Ainda que na segunda-feira você tenha a certeza de que seu estômago será inteiramente consumido pelo seu mau-humor, graças a Deus, a semana têm dias suficientes para reverter esse quadro.

Certas coisas acontecem quando você menos espera, da maneira que você nem imagina que possam acontecer, mas de forma que acabam transformando fatos corriqueiros em momentos bem mais memoráveis...

É assim quando você recebe e-mails ou recados de incentivo de pessoas que você nunca pensou que pudessem ter esse carinho por você, nem que sequer fossem notar o seu olhar triste...

Ou quando você conversa com alguém que conhece há pouco tempo sobre todo e qualquer assunto, como se vocês fossem amigos de looonga data.

Acontece quando mudam o rumo de suas obrigações oferecendo uma tarefa muito mais agradável do que a anterior.

Ou quando você escuta Accidentally in Love, do Counting Crows, que faz você rir por se identificar com a letra.

É também quando você recebe um afago de quem tinha te chateado há pouco e você percebe que na verdade, aquela mágoa foi causada sem a menor intenção.

E ainda, é quando no meio da madrugada, alguém diz que sente a sua falta, embora você pensasse que era a única pessoa acordada que sentia saudades de alguém...

Pra mim, ter uma boa semana pode se resumir a simplesmente conseguir fazer balizas perfeitas, sem a ajuda de terceiros (pois é, às vezes me contento com pouco, e desafiar o meu senso de direção e minha pequena noção de distância chega a ser motivo de comemoração)...

Às vezes basta um retorno, uma mensagem, um olhar de carinho e um belo sorriso para nos sentirmos queridos e felizes.

Às vezes basta uma piada boba, ou uma besteira dita sem querer por uma amiga para se ter um gostoso e comprido ataque de riso.

Basta encontrar um único motivo e tudo muda ao nosso redor...

E antes que o seu estômago seja inteiramente consumido, para se digerir certas coisas que às vezes não engolimos muito bem, é preciso trocar o acompanhamento, e - num irônico trocadilho gastronômico - mudar da água para o vinho... ;-)

Assim, quando menos se espera, em apenas alguns dias o seu paladar passa do amargo gosto do boldo, ao doce e pueril sabor de tutti-frutti...

terça-feira, 25 de março de 2008

"Do chão não passa..."

De tempos em tempos eu tenho saudades da minha época de bailarina...

Saudades de sentir o pleno domínio do meu corpo ao executar um adágio bem feito. Saudades de como eu me sentia "em casa" quando me colocava na barra... Saudades da liberdade de poder interpretar fadas, princesas, rainhas... árabes, flores e flocos de neve, quase tudo num mesmo espetáculo.

Saudades do sentimento único e quase inexplicável que é ter somente um foco de luz a me iluminar, como se eu tivesse o poder de guiá-lo com os meus passos...

Mas principalmente, tenho saudades dos aplausos.
Aquele som que coroa todo o esforço e nos faz esquecer da dor e do sofrimento que tivemos antes de chegar ali. Batidas de mãos que se transformam em música e nos elevam à glória.
Sim, sinto falta dos aplausos... o grande reconhecimento do artista...

Longe do palco, aqui na vida real, ser reconhecido é quase tão difícil quanto fazer uma série de 32 fouettés com uma sapatilha de ponta...

Sabe, durante anos eu tive uma professora que sempre que pedia um movimento que necessitava de mais destreza do que o normal, ela nos confortava com a frase: "se cair, do chão não passa"...

Lembrei disso porque muitas vezes tentamos nos arriscar com "passos difíceis" e parece que alguma força externa - muitas vezes não-identificada - nos passa uma rasteira e PLEFT! Vamos ao chão!

São tombos pequenos que acontecem no trabalho, na vida pessoal, nos nossos projetos e empreendimentos... São tombos que às segundas-feiras, nos fazem entrar no carro e pensar em dirigir até acabar a gasolina...

Como nem tudo é tão ruim quanto parece, mantendo um pouco de juízo na cabeça, você acaba enfrentando mais um dia e quando volta pra casa imaginando como as coisas podiam ser diferentes, o rádio lhe presenteia com Dias Melhores, do Jota Quest.

Aquela frase da antiga professora de ballet volta à tona: "se cair, do chão não passa...". Ela estava certa!

Enquanto buscamos reconhecimento por nossas ações e conquistas, os tombos inevitavelmente acabam fazendo parte do processo. O lado positivo é que o chão foi feito para nos apoiar e - graças à evolução humana - somos perfeitamente capazes de nos erguer novamente sobre nossos pés...

Jota Quest me confortou... e se esse não foi um bom dia, outros melhores virão!

sábado, 15 de março de 2008

A arte de encantar

Sabe esses arquivos de slides? Esses benditos .pps?
Pois é, eu detesto! Mas outro dia recebi um de uma grande amiga e por isso resolvi dar mais atenção...

Era um poema cheio de paisagens, atribuído a Pablo Neruda e intitulado "Me encante".

Mesmo achando meio cafona, o poema é indiscutivelmente lindo.
Principalmente porque já começa com uma das frases que mais me tocaram: "me encante da maneira que você quiser, como você souber".

Quão verdadeiro! Não é preciso encontrar fórmulas, nem fazer listas cheias de itens em ordem de importância quando o que se pede é tão pouco: me encante! Não importa como, apenas faça...

Dizem que existe amor à primeira vista. Eu, nunca pude comprovar...
Mas posso afirmar que o encantamento é algo tão belo quanto o amor... é inesperado como um raio em plena noite de luar... é como ouvir Clair de Lune, de Debussy, pela primeira vez...

É também uma qualidade de poucos. É como uma arte que nem todos têm acesso, um dom que só a alguns é oferecido.

A intensidade de um encanto pode ser tão incalculável quanto a quantidade de pessoas que suspiram de amor neste exato momento.
Digo isso porque tenho certeza que muita gente por aí já se deixou envolver por ele e, sem perceber, o que eram apenas borboletas presas no estômago e purpurinas soltas pelo ar, agora já se tornou algo muito mais forte.

O amor é vital, mas o encantamento é essencial... E mais sortudo do que aquele que conhece bem a arte de encantar, só mesmo quem é agraciado com a reciprocidade do mesmo.

Por isso... me encante!

Me encante com seu canto, com o seu olhar cheio de sinceridade...
Me encante ao ponto de me deixar sem ar... me encante de uma forma que eu me sinta única e indispensável!

Me envolva em seus braços e em sua vida. Me fale com palavras que venham do coração e por favor diga as coisas que eu mais preciso ouvir, quando eu menos esperar...

Me encante com seus gestos e seus sorrisos...
Aliás, que o seu encanto faça o meu sorriso se abrir e os meus olhos brilharem a cada dia que eu estiver do seu lado.

Me encante para que eu possa acreditar, que mesmo não sendo imortal, posto que é chama, que seja intenso e verdadeiro durante a sua - ainda que breve - existência.

Que o seu encanto seja minha inspiração.
E que esteja pra sempre em minhas recordações, para que se um dia não estiveres mais por perto, eu possa me lembrar de como fui feliz por ter me deixado encantar...

terça-feira, 11 de março de 2008

Aprendendo a esperar

Na volta do trabalho, eu e um amigo conversávamos sobre o verão. Tem feito muito calor nessa cidade e ele dizia que não via a hora de chegar o inverno...

Também incomodada com o ar quente que mal circulava na rua, eu pensava em como é difícil pra nós seres humanos, sempre apressados em tudo, esperarmos por alguma coisa.

Como é ruim e angustiante aguardar uma oportunidade no trabalho, uma resposta que demora a chegar... um telefonema daquela pessoa que mexeu com você ou notícias de quem está distante...
Enquanto esperamos, os minutos se arrastam e viram horas, e o que era ansiedade, depois de um tempo acaba virando conformismo e às vezes, até um certo sentimento de derrota.

Mas então, qual a chave certa para acabar com esses momentos de estagnação? Se conformar com determinada situação ou buscar aquilo que achamos que vale à pena?
E se o que buscamos com tanto afinco, não for tão válido assim?

Ansiosa por respostas, encontrei consolo em uma caixa de Amandita e também nos versos de Tocando em Frente, de Almir Sater e Renato Teixeira.
A letra da música, que nessa versão, é entoada por Maria Bethânia, diz: "ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais"...

Enquanto divagava sobre o assunto, senti cheiro de chuva vindo da janela. Logo aquele ar quente que tanto abafava o ambiente, deu lugar à uma brisa suave que parecia ter vindo com a intenção mesmo de refrescar a alma.

Assim, percebi: talvez não seja preciso aguardar o inverno para parar de se incomodar com o calor.
Talvez para fugir de nossas angustiantes esperas, possamos encontrar soluções simples como uma chuva de verão.

No final das contas, acho que é só mesmo uma questão de aprender a esperar.

Podemos até investir em algo que acelere o processo, mas é preciso entender que as coisas acabam acontecendo naturalmente, na hora certa que têm que acontecer...

Obviamente, Almir Sater encontrou essas respostas bem antes de mim, porque, como ele mesmo diz: "cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz"...

quarta-feira, 5 de março de 2008

Além do Arco-Íris


Ok, ok... sei que estou devendo postagens sobre o meu "crucero", mas a verdade é que eu tenho tanta coisa pra escrever sobre ele que nem sei por onde começar...
Assim, aproveitando o meu aniversário que está chegando, preferi mudar um pouco o rumo da conversa.

Quando estava perto de completar 25 anos, eu entrei numa super crise existencial... Achei que as coisas na minha vida estavam tomando o rumo errado... e estavam mesmo...
Rompi com tudo e decidi começar do zero (embora aos 25 anos já não seja tão do zero assim - rs)...

Três anos se passaram e nesse tempo muita coisa mudou.

Revi meus conceitos, mudei de opinião a respeito de vários assuntos. Me tornei mais paciente com algumas coisas e menos tolerante com outras.
Aprendi a lidar com os fracassos e a comemorar as vitórias com o devido entusiasmo que elas merecem.

Enfim defini exatamente o que eu quero e o que eu não quero para a minha vida!

Nessa louca metamorfose, tive todo o apoio da minha família, que foi e sempre será meu grande alicerce.

Felizmente, essa fase também foi "temperada" por pessoas muito especiais. Amigos queridos que estiveram presentes em diversos momentos, dividindo lágrimas com o mesmo empenho que dividiam as risadas.

Aliás, como toda pisciana, derramei muitas lágrimas nessa transição. De tristeza, de raiva, de angústia...

Fechada ao redor de tudo que eu considerava um problema, não levei em consideração a ironia, que é na minha opinião, a melhor característica do destino.

Assim, demorei a perceber que a cada choro, um sorriso se reservava e aguardava a hora certa de aparecer, fazendo jus ao ditado que diz que "depois da tempestade, vem a bonança".

Acredite, ela vem! E se viesse acompanhada de trilha sonora, seria Somewhere Over the Rainbow, na belíssima versão do havaiano Israel Kamakawiwo Ole.

Hoje, ao chegar cada vez mais próxima dos 30 anos, nenhuma crise me assombra. Está tudo enterrado no passado, a sete palmos do meu coração.

Corri atrás do meu arco-íris e descobri que além dele há muita beleza para ser vista, um paraíso particular que é raríssimo de encontrar e está acessível somente aqueles que o desejam com força e otimismo.

Nesta nova fase, fiz também uma feliz descoberta, uma das mais importantes da minha vida: pra Deus, NADA é impossível!

Sei que o ano está apenas começando, assim como a minha nova idade.
Ainda tem muita coisa pela frente, uma longa estrada de tijolos amarelos, cheia de desafios...

Mas pelo pouco que vi até agora, posso afirmar com toda a certeza: além do arco-íris há realmente um mundo maravilhoso!!!